Acabei de assistir o último capítulo – Special Christmas
episode – de DOWNTON ABBEY a famosa série britânica de Julian Fellowes, agudo
observador do sistema de classes britânico.
Pois bem, aparte do final da história no Reveillon de 1925, a saga de
Lord Grantham e sua aristocrática família durante as quase três primeiras
décadas do século XX, foi um excelente catálogo dos costumes da alta sociedade
inglesa, portadora de privilégios ancestrais na política e na sociedade e, que
influenciou, certamente durante toda a existência do chamado Império Inglês. A
série que estreou em 2010 na Grã Bretanha e nos Estados Unidos e no mundo em 2011,
começa no ano de 1912 com a tragédia do “Titanic” que abala a estrutura
familiar da família do Conde (Lord Grantham), os Crowley. Passando pela
Primeira Grande Guerra e as transformações políticas e sociais dos anos vinte,
a história da aristocracia inglesa é uma história de adaptação ao novo ambiente
da sociedade britânica pós guerra, até chegar ao final de 1925 sob o reinado de
George V.
A série é uma interessante crônica da vida nos andares de
cima e de baixo de uma propriedade em Yorkshire. Sem perder os ingredientes
básicos que atraem o público, ou seja “amor, traição e propriedades rurais”
Downton Abbey é também uma lição de História Inglesa do século passado.
A grande protagonista da série é sem dúvidas a atriz inglesa Maggie Smith, que interpretou brilhantemente a
Condessa Viúva de Grantham. Nos Estados Unidos e seu apelo anglófilo, a série
foi um sucesso estrondoso – seu elenco visitou duas vezes a Casa Branca – e,
como dizia a crítica de um jornal americano: “Sem apelar para zumbis, dragões,
nudez gratuita, quem precisa disso quando tem Maggie Smith?”
Na Inglaterra, onde tudo se respira hierarquia e ordem, a
série demostrou o testemunho de Lord Grantham do declínio da aristocracia. Os
costumes, a disciplina, os relacionamentos sócias entre patrões e empregados
são sutis e pertencem a uma era passada e cheia de glamour.
Os ingleses não só lutaram para conservar essas tradições e
costumes, mas também a espalharam como modelo de convivência pelo mundo afora.
Talvez a supremacia britânica no século XIX quando as ilhas foram o maior
império da história depois do romano, possa ser entendida e explicada pelos
escritos do britânico Lytton Strachey que numa passagem de sua biografia
brilhante sobre a Rainha Vitória tinha expressado: “Costuma-se dizer que os filhos
da Inglaterra têm uma característica fatigante; eles nunca sabem quando são
derrotados”. Talvez isto explique como uma pequena Ilha no norte da Europa
tenha construído um poderio nunca visto antes, durante todo o século XIX e
continuou mantendo sua influência no início do século XX.
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