domingo, 7 de agosto de 2011

O SONHO DE PERSEU




A reunião no escritório dos corretores da bolsa começou pontualmente as dez da manhã. O dia amanheceu nebuloso e anunciava chuva. Nada fora do comum em Londres –pensou Eddy – ao sair do metrô e dirigir-se ao escritório.
Durante toda a reunião ele se concentrou e nem percebeu que estava na hora do almoço. As treze e quinze, Thomas Williams, Charles Brown e outros dois corretores convidaram Eddy para almoçar no “Café Spice Namaste” na Prescott Street, um restaurante indiano de primeira categoria onde a culinária indiana destacava-se pela sua excelência. O “curry” tinha fama.
Saborearam um “danzak” (carne de cordeiro com purê e pimenta com lentilhas).
Quando o relógio marcou às quinze horas, o almoço terminou. Eddy despediu-se dos corretores e caminhou em direção ao metrô pensando que, voltar para casa e tomar uma gostoso banho era o ideal. Decidiu passar a noite em Londres e voltaria para a Espanha no dia seguinte.
Ao entrar no metrô, lembrou que tinha que passar por alguma loja de antiguidade. A sua mãe gostava muito de antiguidades e o seu aniversário estava chegando, portanto pensou que agora seria o momento adequado para procurar um presente para ela.
Pensou em ir a Mayfair, onde havia lojas excelentes e foi para lá.
Meia hora depois entrava numa loja na Cork Street e encontrou um belo porta jóias de finais do século XIX que o atraiu muito. Sentiu-se satisfeito já que não gostava de procurar muito. Assim logo na primeira loja que entrou encontrou o que queria, e com a missão cumprida, decidiu dar uma volta pela Piccadilly a pé.
Atravessou a rua e viu uma pequena galeria de arte “Piccadilly Gallery”
Entrou nela e viu muitos quadros britânicos modernos.
Os quadros eram de todos os tamanhos e temas. Pertenciam a pintoras e pintores ingleses, galeses, escoceses e irlandeses. Observava quadros de paisagens equestres ingleses, montanhas, chalés, flores silvestres, jardins coloridos e praias desertas.
De repente chamou a sua atenção um quadro, não muito grande, de uma praia rochosa. Aproximou-se e o observou com muito detalhe. Uma praia deserta iluminada pelos raios do sol no meio das nuvens. As ondas batiam nas rochas e poderia imaginar o barulho das águas. O mar era de uma cor azul intensa.
Sentiu um estremecimento em todo o corpo como se tivesse descoberto um mistério, como se o véu de um segredo tivesse caído deixando ver a realidade oculta de algo que procurava na memória.
Era a praia dos seus sonhos!
O quadro chamava-se “Cornish’s landscape” H.T.
Depois leu uma pequena etiqueta que dizia : SOLD, 890 libras.

“Paisagem da Cornualha” repetiu admirado e surpreso. Então essa praia existia e estava na Cornualha.

Desde esse momento, sentiu a imperativa necessidade de estar nesse lugar.
A procura dos seus sonhos e do seu destino tinha começado: CORNUALHA!

(TEXTO DE "O SONHO DE PERSEU" CAPITULO I "EDUARDO")

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