quarta-feira, 3 de julho de 2013

ALMA - A FILHA DO DESTINO CAP.I (PARTE V)


O misterioso homem com quem a pequena Alma  encontrara era mais do que um índio, era um Pajé. Se bem, a menina não tinha como distinguir um e outro, sabia no entanto, de que o homem estranho que ela tinha encontrado na ribeira do rio era um índio muito peculiar. Primeiro, porque ele era alto e garboso e tinha um olhar profundo, penetrante que transmitia bondade e sabedoria. Mas Alma não sabia nada dele, apesar dos seus enigmáticos olhos cor jabuticaba e o seu caminhar lento que parecia não ter pressa.

O Pajé era o bruxo da tribu. Era como se fosse um sacerdote supremo, herdeiro das tradições divinas, curandeiro, conselheiro e médico.

O velho pajé pertencia a tribu Tuxá que estava originalmente assentada na ribeira do rio São Francisco, na Bahia. Com o tempo, foram emigrando para o sertão de Pernambuco onde atualmente se instalara. “Jabú” era o pajé desta tribu e costumava fazer longas viagens pela região em busca de ervas  aromáticas, folhas, e principalmente seiva de Jabuticabeira. Aliás, por seus conhecimentos em remédios extraídos de planta de jabuticaba optou pelo sobrenome de Jabú;  Jabú vem de Jabuticaba.

Ele era o ultimo pajé dessa sociedade tribal indígena. A diferença dos seus ancestrais, acostumava deslocar-se por todo o sertão, especialmente no vale do Moxotó onde se encontrava a maior concentração de Jabuticabeira.
Foi numa dessas incursões que o Pajé encontrou a menina brincando com o barro do rio. O que mais lhe chamara a atenção era como a criança brincava com a lama,  se lambuzando toda com um prazer infantil.

O Pajé era, também, conhecedor das propriedades do barro de Moxotó. Numa de suas incursões pelo estuário do rio, ele levara uma porção de lama para sua aldeia e ali fizera uma mistura com ervas e seiva de jabuticaba. Conseguira então, um grande descobrimento. A mistura não era só medicinal, mas também era boa para a pele e ótima para as picadas de insetos.

Segundos indigenistas famosos, a tribu Tuxá provinha de uma nação chamada “Proká” e pertence ao grupo indígena da Bahia. Como moradores da margem do São Francisco, viviam do rio, pescavam, comiam carne de jacaré, de jiboia, de tatu e de outras iguarias da região.

Com a conquista e colonização e a chegada dos missionários católicos como os Franciscanos e Jesuítas no século XVIII, os Tuxás foram incorporados a estes grupos religiosos que fundaram aldeias nessa região.

Já no final do século XIX, as enchentes do rio São Francisco provocaram o êxodo dos Tuxá para o interior do sertão pernambucano. Numa dessas aldeias o Jabú herdara do pai a condição de Pajé.

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