O misterioso homem com quem a pequena Alma encontrara era mais do que um índio, era um
Pajé. Se bem, a menina não tinha como distinguir um e outro, sabia no entanto,
de que o homem estranho que ela tinha encontrado na ribeira do rio era um índio
muito peculiar. Primeiro, porque ele era alto e garboso e tinha um olhar
profundo, penetrante que transmitia bondade e sabedoria. Mas Alma não sabia
nada dele, apesar dos seus enigmáticos olhos cor jabuticaba e o seu caminhar
lento que parecia não ter pressa.
O Pajé era o bruxo da tribu. Era como se fosse um sacerdote
supremo, herdeiro das tradições divinas, curandeiro, conselheiro e médico.
O velho pajé pertencia a tribu Tuxá que estava originalmente
assentada na ribeira do rio São Francisco, na Bahia. Com o tempo, foram
emigrando para o sertão de Pernambuco onde atualmente se instalara. “Jabú” era
o pajé desta tribu e costumava fazer longas viagens pela região em busca de
ervas aromáticas, folhas, e
principalmente seiva de Jabuticabeira. Aliás, por seus conhecimentos em
remédios extraídos de planta de jabuticaba optou pelo sobrenome de Jabú; Jabú vem de Jabuticaba.
Ele era o ultimo pajé dessa sociedade tribal indígena. A
diferença dos seus ancestrais, acostumava deslocar-se por todo o sertão,
especialmente no vale do Moxotó onde se encontrava a maior concentração de
Jabuticabeira.
Foi numa dessas incursões que o Pajé encontrou a menina brincando com o barro do rio. O que mais lhe chamara a atenção era como a criança brincava com a lama, se lambuzando toda com um prazer infantil.
Foi numa dessas incursões que o Pajé encontrou a menina brincando com o barro do rio. O que mais lhe chamara a atenção era como a criança brincava com a lama, se lambuzando toda com um prazer infantil.
O Pajé era, também, conhecedor das propriedades do barro de
Moxotó. Numa de suas incursões pelo estuário do rio, ele levara uma porção de
lama para sua aldeia e ali fizera uma mistura com ervas e seiva de jabuticaba.
Conseguira então, um grande descobrimento. A mistura não era só medicinal, mas
também era boa para a pele e ótima para as picadas de insetos.
Segundos indigenistas famosos, a tribu Tuxá provinha de uma
nação chamada “Proká” e pertence ao grupo indígena da Bahia. Como moradores da
margem do São Francisco, viviam do rio, pescavam, comiam carne de jacaré, de
jiboia, de tatu e de outras iguarias da região.
Com a conquista e colonização e a chegada dos missionários
católicos como os Franciscanos e Jesuítas no século XVIII, os Tuxás foram
incorporados a estes grupos religiosos que fundaram aldeias nessa região.
Já no final do século XIX, as
enchentes do rio São Francisco provocaram o êxodo dos Tuxá para o interior do
sertão pernambucano. Numa dessas aldeias o Jabú herdara do pai a condição de
Pajé.
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