A
reunião no escritório dos corretores da bolsa começou pontualmente as dez da
manhã. O dia amanheceu nebuloso e anunciava chuva. Nada fora do comum em
Londres –pensou Eddy – ao sair do metrô e dirigir-se ao escritório.
Durante
toda a reunião ele se concentrou e nem percebeu que estava na hora do almoço.
As treze e quinze, Thomas Williams, Charles Brown e outros dois corretores
convidaram Eddy para almoçar no “Café Spice Namaste” na Prescott Street, um
restaurante indiano de primeira categoria onde a culinária indiana destacava-se
pela sua excelência. O “curry” tinha fama.
Saborearam
um “danzak” (carne de cordeiro com purê e pimenta com lentilhas).
Quando
o relógio marcou às quinze horas, o almoço terminou. Eddy despediu-se dos
corretores e caminhou em direção ao metrô pensando que, voltar para casa e
tomar uma gostoso banho era o ideal. Decidiu passar a noite em Londres e
voltaria para a Espanha no dia seguinte.
Ao
entrar no metrô, lembrou que tinha que passar por alguma loja de antiguidade. A
sua mãe gostava muito de antiguidades e o seu aniversário estava chegando, portanto
pensou que agora seria o momento adequado para procurar um presente para ela.
Pensou
em ir a Mayfair, onde havia lojas excelentes e foi para lá.
Meia
hora depois entrava numa loja na Cork Street e encontrou um belo porta jóias de
finais do século XIX que o atraiu muito. Sentiu-se satisfeito já que não
gostava de procurar muito. Assim logo na primeira loja que entrou encontrou o
que queria, e com a missão cumprida, decidiu dar uma volta pela Piccadilly a pé.
Atravessou
a rua e viu uma pequena galeria de arte “Piccadilly Gallery”
Entrou
nela e viu muitos quadros britânicos modernos.
Os
quadros eram de todos os tamanhos e temas. Pertenciam a pintoras e pintores
ingleses, galeses, escoceses e irlandeses. Observava quadros de paisagens equestres
ingleses, montanhas, chalés, flores silvestres, jardins coloridos e praias
desertas.
De
repente chamou a sua atenção um quadro, não muito grande, de uma praia rochosa.
Aproximou-se e o observou com muito detalhe. Uma praia deserta iluminada pelos
raios do sol no meio das nuvens. As ondas batiam nas rochas e poderia imaginar
o barulho das águas. O mar era de uma cor azul intensa.
Sentiu
um estremecimento em todo o corpo como se tivesse descoberto um mistério, como
se o véu de um segredo tivesse caído deixando ver a realidade oculta de algo
que procurava na memória.
Era
a praia dos seus sonhos!
O
quadro chamava-se “Cornish’s landscape”
H.T.
Depois
leu uma pequena etiqueta que dizia : SOLD, 890 libras .
“Paisagem
da Cornualha” repetiu admirado e surpreso. Então essa praia existia e estava na
Cornualha.
Desde
esse momento, sentiu a imperativa necessidade de estar nesse lugar.
A
procura dos seus sonhos e do seu destino tinha começado: CORNUALHA!
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