quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP. VI PARTE IX)

Claire não pensou mais no pesadelo nos dias seguintes. O idílico romance com Henri, bastavam para deixa-la tranquila e muito feliz. Os dias deram lugar às semanas, e o outono começou mas as temperaturas ainda estavam mornas quando todos decidiram passar um final de semana em Saint Assise. Tinham que viajar essa tarde de sexta-feira. Pela manhã, Claire e Joan foram fazer algumas compras no centro da cidade quando, ao sair de uma loja, Claire viu Paul de Clermont do outro lado da rua. Ele estava com mais dois homens bem vestidos que pareciam ser advogados ou donos de algum negócio em que sua família participava. Ela sabia que, de vez em quando, ele tinha que vir à cidade a negócios.
- Paul!, ela gritou e acenou com a mão.
Ele virou-se para ela e acenou sorrindo. Pouco depois, atravessou a rua e a abraçou.
- Claire, como vai? Que surpresa?
- Olá Paul, como vai você?. Esta é Joan Maintreaux, minha melhor amiga.
- Olá
- Olá, prazer Paul.
- Então, está na cidade há quanto tempo?
- Cheguei ontem a noite e hoje tenho muitas reuniões de negócios. Pensava voltar para Clermont hoje mesmo mas acho que não vai dar tempo. E seu pai?
- Ele está bem, vai gostar de saber que você está pela cidade.
- Sim, eu esperava encontra-lo hoje e convidar vocês para jantar a noite.
- Ah, desculpa Paul, é que Joan, eu e alguns amigos vamos viajar para Seine-Port hoje a tarde e só voltamos no domingo. Que pena!
- Ah, tudo bem, fica para o próximo mês em que voltarei. Divirta-se e aproveite porque o frio logo chegará. Dá um abraço ao seu pai por mim, está bem?
- Claro, Paul, foi um prazer te ver novamente. Lembranças ao seu pai também. Au revoir
- Au revoir
O jovem executivo atravessou a rua e se juntou aos dois homens que o estavam esperando.
- Meu Deus Claire, esse rapaz é muito bonito e educado.
- Sim, ele é como um príncipe – disse Claire sorrindo – que surpresa boa!
*******

Saint Assise sempre trouxe à Claire uma sensação de paz y de alegria. Nessa sexta-feira de começo de outono, ainda estava quente, quando eles chegaram a tardinha. A cor laranja do pôr do sol era fascinante pois dava a sensação de estar dentro de uma pintura. Claire tinha a sensação de que seria um final de semana diferente. Inclusive disse ao pai que não via a hora de estar em Saint Assise porque lá, ela era realmente feliz.
- Mais um final de semana em Saint Assise. Que lugar mágico, pai!
- Vejo que você se afeiçoou ao lugar
- É um lugar mágico. Ás arvores, os pássaros, o rio....
Com esses pensamentos partira com Henri, Madame Brigny e Joan para Seine-Port.
Antes de chegar, passaram pela vila para comprar produtos para a casa. Margarete entrou na pequena loja e ao sair, tinha um ar de preocupação.
- Que foi Mamãe? – perguntou Henri.
- Meu Deus – disse Margarete – você lembra do filho de Adrienne Sauviroux?, Daniel Sauviraux?
- Sim, por que?
- Ele morreu há dois dias num acidente de barco, no rio. Pobre Adrienne!
- Que horror! – disse Joan.
Claire so ficou calada e a imagem do seu pesadelo recente voltou à tona. Sentiu um estremecimento, um calafrio que a deixou preocupada.
Mas ao chegar à casa, tudo fora esquecido.
Saint Assise amanheceu ensolarada naquela manhã de sábado. Por incrível que pareça o outono oferecia temperaturas bem agradáveis. O verão parecia não querer ir embora. Na casa, todos se preparavam para um picnic à beira do rio.
- Joan – disse Claire – você trouxe sua roupa de banho?, pois eu quero entrar na agua.
- Trouxe sim, Hoje parece ser ideal para nos refrescar um pouco.
- Incrivel, faz muito tempo que não faz um tempo tao bom no outono – disse Margarete Brigny. – Vamos já, senão vai ficar tarde.
Claire, de mãos dadas com Henri, levava uma das cestas. Usaba um vestido leve de florzinhas e cor azul celeste. Joan já tinha posto uma bermuda e sandálias e conversava com Margarete.
Antes de chegar à praia. Henri beijou Claire e disse:
- Claire, eu te amo
A moça sentiu apenas que estava tocando o céu.
Enquanto Joan e Margarete preparavam a comida sob uma árvore milenária, Henri foi até a beira do rio e conversou com um pescador que tinha um pequeno barco. Claire viu Henri combinando algo e depois voltar para o grupo sorrindo.
- Gente, monsieur Ginard me emprestou seu bote, vamos dar um passeio?
- Eu tenho medo de água – disse Joan.
- Bobagens Joan – disse Claire, o rio é tão manso por aqui.
- Mas devem ter cuidado Henri – disse Margarete – as vezes tem os redemoinhos perigosos por trás da curva. Se vão andar de bote, por favor, só por aquele lado – disse apontando a direita da curva.
- Eu conheço bem o rio mamãe, não se preocupe. Vamos Claire.
Claire levantou-se e correu para o bote. Henri e ela entraram e ela se sentou. O rapaz pegou os remos e barco começou a deslizar-se lentamente.
Joan e Margarete observavam tranquilas enquanto comiam um sanduiche e saboreavam um bom vinho francês.
O pequeno barco de cor branca foi se afastando da praia. Henri e Claire conversavam e riam a vontade. Dava gosto ver a felicidade deles. O sol de quase meio dia estava bem forte, quando de repente, Henri percebeu um redemoinho em volta do barco. Tentou remar com mais intensidade, mas o perdeu o controle. Claire percebeu sua aflição e ficou preocupada, mas Henri mantinha a calma.
- Henri, o que esta acontecendo, o barco esta virando muito rápido.
- Não se preocupe mom amour, é apenas um pequeno redemoinho.
Margarete e Joan viram o barco sendo balançado e levado para o lado da curva. Madame Brigny levantou-se e gritou:
- Cuidado Henri, o redemoinho, não vá por aquele lado.
Mas já era tarde, o barco deu uma balançada e outra mais forte e tombou. Henri e Claire caíram na agua. Ela conseguiu segurar no bote tombado, mas o rapaz foi levado para o centro do redemoinho. Claire, desesperada ao ouvir os gritos de Joan e Madame Brigny, não conseguia nem falar, só tinha a intuição de não largar o bote, que lentamente fora levado para a outra beira do rio.
Henri tentava nadar e sair do redemoinho, mas ele foi levado para o fundo. Conseguiu sair duas vezes para depois desaparecer.
Ao ver que o filho não aparecia, Margarete gritou com Joan.
- Vá depressa chamar o Deveraux para mim
Joan correu para a casa. Enquanto isso, Margarete olhou para Claire que já tinha chegado à outra praia em frente. Ela simplesmente estava muda olhando para a agua.
- Claire, Claire, fica calma. Já vamos ter ajuda.
Claire Dupont olhou para Madame Brigny e começou a tremer de frio. Lembrou-se do pesadelo que tivera e percebeu que era uma premonição horrível.
Ela simplesmente fechou os olhos e não lembrou mais de nada.

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