sábado, 15 de outubro de 2011

AMOR EM TEMPOS DIFÍCEIS

Só posso lembrar que era um dia de primavera, um dia muito estranho, pois não havia sol, estava nublado e ameaçava chuva.
Quando os vi, esperando o ônibus, pensei no amor. Não aquele amor escrito em prosa e verso, aquele maravilhoso capaz de suportar tudo e traspassar as dificuldades, os anseios e à própria morte. Não era esse tipo de amor. Era um amor prático e realista, aquele que, se observamos bem, está ao alcance de cada um, nas ruas, por onde andamos sempre.
Dava para ver que eram apaixonados. Diante da mendicidade, da dificuldade de viver, eles eram apaixonados. Pensei que o seu amor seria muito difícil, ou talvez esteja enganado, já que sempre aprendi que o amor superava tudo, inclusive a pobreza e a fome.
Eram dois mendigos apaixonados. Estavam abraçados discretamente perante um grupo de pessoas que também esperavam o ônibus. Eles sorriam, sorriam por ter esse amor e por poder vivê-lo de forma tão inocente, tão pura, sem nenhuma culpa. Isso, é o que chamam de “ o amor verdadeiro”.
O amor verdadeiro é aquele que se apresenta de mil formas, mas com uma só face: a de existir plenamente nos sentimentos mais puros do homem. É um estado da alma que se estende ao coração do outro, do ser amado, e se torna um só. Então, quero acreditar que não importa onde, quando e como, esse sentimento é comum a todos. É quando ele aparece, é uma delicia observá-lo em toda sua plenitude.
Ao vê-los sorrir e se beijando, eu também sorri. Afinal de contas, é tão bom ver o amor flutuando no ar, numa manhã ainda que nublada, de primavera.

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