sábado, 1 de junho de 2013

ALMA, A FILHA DO DESTINO (PARTE III)


O Coronel Damásio Bezerra comprou umas terras na região do Moxotó em 1880. Por aquele tempo, não existia nenhum vilarejo nem vizinhos ao redor da extensa propriedade que o Coronel tinha comprado. Anos depois, a planície foi cultivada por cana de açúcar e, com o passar dos anos, foi considerada uma fazenda próspera do município de Inajá. A fazenda dos Bezerra, conhecida pelo nome de Fazenda do Espírito Santo, deu lugar ao município de Inajá em 1897. O Coronel foi nomeado como Prefeito do novo município. A partir desse momento, Inajá e a família Bezerra, como tantas outras no estado, esteve associada ao lugar.

A fazenda fora transferida em herança ao único filho do Coronel, Seu João Bezerra em 1910. O novo chefe da região casou-se com uma rapariga de Recife, filha de um juiz provincial, dona Laurinda Campos e, seguindo a tradição, tiveram um só filho, Damásio, conhecido como Damá, e que seria, anos depois, candidato forte para a mão de Maria das Dores – Dadá – Malta.
Damásio Bezerra Neto era um rapaz alto e de cílios grossos, lábios carnudos, olhar intrigante e cabelos cacheados, quase loiros. O louro dos cabelos puxara da mãe, dona Laurinda, e os olhos escuros, um pouco funestos, eram do pai, o Coronel João Bezerra.
Tinha um temperamento calmo, porém, quando se irritava poderia chegar a ser violento e ameaçador, como todos os Bezerra. A diferença do pai, tinha uma paciência e uma capacidade de esperar o momento oportuno para atuar; a diferença da mãe, não tinha tempo para ser gentil; era direto e um tanto rude. Talvez esse fora o primeiro sinal que Dadá Malta tinha visto nele e que não tinha gostado muito. De qualquer forma, aos vinte  d anos, Damá era apaixonado pela filha do comerciante Malta e fazia o possível para passar todas as tardes pela rua da Venda Malta e, as vezes entrava só para dar um boa tarde ao dono do estabelecimento.
Damião Malta chegara a aprecia-lo muito. Gostava de conversar com Damá, a quem considerava um homem inteligente, um homem que poderia trazer mais benefícios à região, tão abandonada pela inércia e pelo desdém da administração do Coronel, que ainda ostentava o titulo de Prefeito de Inajá.
O Coronal mandava na prefeitura, na Câmara de Vereadores, nomeava o tabelião da cidade, o juiz e o delegado de policia. Se pudesse, meteria a mão até na Igreja, mas o Bispo de Recife era um homem forte e tinha um poder absoluto sobre a Santa Mãe Igreja, e mantinha uma relação fria e distante com o coronelismo da época.
Damásio era partidário de dar mais autonomia ( ou melhor dizer, mais importância aos clamores populares) que o pai. Em matéria política eles divergiam muito, mas o filho do Coronel tinha a esperteza de não se colocar muito em contra já que todo o seu futuro dependia do pai.
Ele tinha conversado com Damião Malta sobre os seus planos de estudar direito no Recife, mas  antes, gostaria muito de se casar com Dadá. O comerciante, sabendo do temperamento da filha, não prometeu nada, mas disse que conversaria com a filha.
O resto da historia está recheado de lágrimas, decepção e firmeza. Dadá Malta disse que preferiria ser freira ao se casar com Damá, e este não teve outro remédio que ir para Recife continuar os estudos e procurar outra moça com quem se casar.
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