terça-feira, 6 de agosto de 2013

LÁGRIMAS ANÔNIMAS - CRÔNICA URBANA


Hoje me confrontei com a minha mais íntima humanidade. Poderia ser em qualquer lugar desta grande cidade, mas foi no metrô, no meio do decorrer do dia, da rotina, do costumeiro ir e vir. Vi uma mulher com lágrimas no rosto. Quando percebi esta mulher chorando copiosamente, fiquei imaginando primeiro, os motivos dessas lágrimas. Eram lágrimas de desespero ou lágrimas de arrependimento?; de tristeza?; de vazio?; de perda, ou de alivio?; de ódio ou de amor? Não sei. Só sei que eram lagrimas anônimas de humanidade.

Percebi então, que essas “lágrimas” desconhecidas para mim, provocaram um profundo sentimento de caridade, de pena, de conforto, de generosidade. Quis me aproximar de essa mulher, que nesse momento era a expressão mais nobre do “ser semelhante”, e quis confortá-la, quis ajudá-la, quis secar essas lágrimas e dizer palavras de alento, ou talvez não dizer nada. Por que quis fazer tudo isso e não o fiz? Limitei-me a ficar analisando essas lagrimas e procurei no fundo de mim mesmo a razão pela qual fora atingido por elas. Olhei ao meu redor e vi rostos preocupados como eu, rostos temerosos, rostos que expressavam acanhamento, pena e constrangimento. Constrangimento? Sim, o constrangimento de ter a certeza de que essa exposição visceral da sensibilidade humana nos afeta em grado sumo, pois ela é humana e, a qualquer momento podemos nos debruçar em lágrimas quando a nossa humanidade é exposta à tristeza, ao escárnio, a própria morte. Essas lágrimas que pareciam anônimas eram o exemplo mais latente de nossa vulnerabilidade e também de nossa imortalidade.

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