Hoje me confrontei com a minha mais íntima humanidade.
Poderia ser em qualquer lugar desta grande cidade, mas foi no metrô, no meio do
decorrer do dia, da rotina, do costumeiro ir e vir. Vi uma mulher com lágrimas
no rosto. Quando percebi esta mulher chorando copiosamente, fiquei imaginando
primeiro, os motivos dessas lágrimas. Eram lágrimas de desespero ou lágrimas de
arrependimento?; de tristeza?; de vazio?; de perda, ou de alivio?; de ódio ou
de amor? Não sei. Só sei que eram lagrimas anônimas de humanidade.
Percebi então, que essas “lágrimas” desconhecidas para mim,
provocaram um profundo sentimento de caridade, de pena, de conforto, de
generosidade. Quis me aproximar de essa mulher, que nesse momento era a expressão
mais nobre do “ser semelhante”, e quis confortá-la, quis ajudá-la, quis secar
essas lágrimas e dizer palavras de alento, ou talvez não dizer nada. Por que
quis fazer tudo isso e não o fiz? Limitei-me a ficar analisando essas lagrimas
e procurei no fundo de mim mesmo a razão pela qual fora atingido por elas. Olhei
ao meu redor e vi rostos preocupados como eu, rostos temerosos, rostos que
expressavam acanhamento, pena e constrangimento. Constrangimento? Sim, o
constrangimento de ter a certeza de que essa exposição visceral da
sensibilidade humana nos afeta em grado sumo, pois ela é humana e, a qualquer
momento podemos nos debruçar em lágrimas quando a nossa humanidade é exposta à
tristeza, ao escárnio, a própria morte. Essas lágrimas que pareciam anônimas eram
o exemplo mais latente de nossa vulnerabilidade e também de nossa imortalidade.
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