quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A CONSTRUÇÃO DE UM PERSONAGEM


Construir um personagem é como morrer um pouco. Sofrimento e apreensão são sinônimos na hora de escrever, de criar a vida de alguém que, depois de sair da sua mente, terá vida própria. Depois virá o terrível exercício de ficar independente dessa figura estranha saída de você mesmo. O oficio de escrever um personagem é, de certo, visceral. Uma famosa escritora tinha dito que ela morria um pouco toda vez que terminava um livro, pois os personagens adquirem vida própria e também gostam de flutuar dentro de nos como se fossem nosso “alter ego”.

Agora estou vendo o sofrimento de um personagem criado por mim. Eu fiquei muito emocionado com a independência que adquiri, desde o começo, com ele. Mas agora, devo fazer que ele enfrente uma tragédia pavorosa. Isso me faz sofrer. Talvez porque eu percebi que não tenho o poder de impedir o seu sofrimento. É uma loucura. Eu posso criá-lo, mas não posso fazer nada para impedir o seu destino. E numa inspiração irracional, o seu destino é sofrer e tentar se salvar. De qualquer forma, o  destino do personagem é independente do meu e isso é algo impressionante.

Muitas vezes me perguntei o porque disso tudo. Mas, como tudo na vida e não encontrei resposta. Só sei que o “meu sofrimento” ao ver os meus personagens sofrendo, nada tem de diferente do sofrimento do ser humano nesta complexa e inebriante vida.

 

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