Uma semana após o episodio assustador
para Alma, o Doutor Augusto voltou de Recife. Tinha ido por uns dias resolver
uns problemas particulares e, assim que voltou, apareceu na Venda primeiro, e
depois na casa de Alma. A moça ao ver Guto experimentou uma alegria nunca antes
sentida. O médico apareceu com um pacote em forma de presente e disse
sorridente:
- Olá Alma, eu lhe trouxe este
presente de Recife.
- Oh, obrigada. – Alma abriu o
presente e se deparou com um lindo vestido de baile.
- Gostou, Alma?
- Gostei muito, obrigada Doutor.
- Ah, Guto, por favor..
- Obrigada, Guto.
A partir desse momento, Alma e Guto
se encontraram com mais frequência, mas sempre sob o olhar atento de dona Dadá.
Aconteceu, então que numa certa
noite, Augusto apareceu na casa dos Rocha, pois havia sido convidado para
jantar. Rubião Rocha gostava dele e apreciava muito o rapaz e seus comentários
humorísticos.
Guto apareceu com uma garrafa de
vinho tinto. A mesa estava bem disposta. Toda a tarde, Alma e Dadá prepararam
um delicioso jantar: Escondidinho, Carne de sol e bolo de macaxeira.
Durante o jantar, o Guto fez um
pedido especial para os pais da moça.
- Seu Rubião e dona Maria das
Dores, gostaria de pedir permissão para
namorar a Alma. Não tenho dúvidas que ela é a moça do meu coração e tenho
certeza que só ela pode me fazer feliz.
O pedido foi aceito com satisfação
pelos orgulhosos pais de Alma. Todos brindaram, e a partir desse momento,
Augusto Tristão visitou Alma como namorado.
Passaram-se vários dias. Alma estava
radiante e seu relacionamento com Guto não poderia estar melhor. Às vezes, eles
se encontravam na Venda Malta. Alias, o avô de Alma já estava bem recuperado e
atendia – se bem com cautela – os clientes que chegavam para comprar
mantimentos. Como sempre, o irmão de Alma, Damião gerenciava a Venda com muita
eficiência.
Damião vira o namoro da irmã com o
doutor Augusto, como toda a família, como algo muito bom. Afinal de contas,
Guto era, para os padrões de Inajá, um partido formidável. Mas, começou a ter
problemas com o amigo, Gerônimo Bezerra que,ao saber do relacionamento de Alma
com Guto, quase explode de fúria.
- Damião, nos somos amigos, você tem
que me ajudar, a sua irmã tem que casar comigo, eu, eu amo ela.
- Deixa disso, Gerô, - dizia Damião
ao amigo – você sabe muito bem que ela não gosta de você. Ela esta apaixonada
pelo doutor.
- Bobagens...esse doutorzinho de meia
tigela, quem ele pensa que é para se cruzar no meu caminho!.
E assim a ira foi aumentando. Damião fez o
possível para acalmar o amigo, mas foi em vão. Até ai, parecia que o filho do
Coronel Bezerra só estava se lamentando por não ter tido uma chance com a filha
dos Rocha.
Augusto Tristão estava cada vez mais
enamorado de Alma. Fazia longos passeios com ela, sempre acompanhada pela mãe
ou pelo irmão Zé Rubião, que tornou-se um dos melhores amigos de Guto.
Na medida que foi se tornando homem,
Zé Rubião Rocha foi acalmando o seu ímpeto e passou a ajudar o pai na lavoura
como sempre o fez, mas ultimamente com mais afinco. Trabalhava muito, e fazia
as coisas bem, e de vez em quando, saia com Guto para pescar. Os dois ficaram
bem amigos. Foi o Zé Rubião quem alertou o médico sobre Gerônimo Bezerra.
- Cuidado Augusto, Gerô é perigoso,
ele esta furioso por não ter tido chance com Alma e te culpa por tudo. Ele é
perigoso.
- Mas o seu irmão Damião não é muito
amigo dele? Talvez se falasse com ele...
- Já tentou. Damião é um bom sujeito,
mas infelizmente não tem nenhuma influencia sobre Gerô. Ontem a noite eu vi
preocupação nos olhos do meu irmão. Acho que o Gerônimo esta aprontando alguma coisa. Tenha cuidado Guto, só isso
posso te dizer...
- Mas, você acha que ele pode fazer
alguma coisa? O quê?
- Não sei, talvez faça algo, ou
talvez não, mas tenha cuidado. Só isso.
Aconteceu uma vez na Venda. Augusto
foi visitar o velho Malta e estava conversando com ele e com Damião, quando
Gerônimo Bezerra entrou no local. Ao perceber a presença do médico, olhou para
ele com olhos de raiva.
- Bom dia Seu Malta, tudo bem com o
senhor?
- Bom dia jovem Bezerra. Vou bem,
obrigado.
Gerô aproximou-se de Augusto e lhe
disse seriamente:
- Doutor!, Bom dia. Espero que o
senhor esteja bem!
- Vou bem sim, obrigado.
Ele dirigiu-se até Damião e ficou
conversando com ele e de vez em quando, olhava para o medico com raiva.
- Esse medico de quinta! Ainda vai me
pagar caro.
- Gerô, por favor, aqui não...
- Não farei nada, não se preocupe.
Olha, to querendo ir para Recife neste final de semana. Você poderia vir
comigo?
- Infelizmente não vou poder. Terei
que trabalhar.
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