Numa certa tarde de sábado quente do
sertão, Augusto Tristão foi até a casa dos Rocha visitar a sua namorada. Assim
que chegou, Dadá lhe disse que Alma havia ido para o rio tomar banho. Ele,
então, pediu permissão dela para se encontrar com a moça. Dadá não pôs nenhum
obstáculo, inclusive disse para ele que ela mesma já ia chamar Alma para que
voltasse para casa.
- Pode ir, doutor, já é hora dela
voltar.
Augusto seguiu pela mata que levava
ao rio Moxotó e assim que chegou a beirada, viu a moça tomando banho,
desfrutando da tarde quente.
Ele chamou a moça, que rapidamente
saiu da água e se juntou a ele.
- Oi meu amorzinho, estava
aproveitando a tarde quente?
- Sim, Guto, a água esta
morninha...adoro tomar banho no rio.
- Meu amor lindo – disse o médico e
beijou-a com paixão.
Os dois não perceberam que estavam
sendo observados. Gerônimo Bezerra estava atrás de uma moita, a certa
distancia, olhando o que acontecia na beira do rio. Ele não resistiu e saiu
correndo da mata e pegou Augusto por trás.
Quando Alma viu o Gerô se aproximar,
gritou:
- Guto, cuidado.
Gerô se jogou encima do doutor e o
derrubou a socos e pontapés. Guto recuperou-se rapidamente e começou a bater o
rapaz com raiva. Aos gritos, Alma correu até a casa pedir ajuda. Enquanto isso
os dois continuavam uma luta incessante que o arrastou até o rio. Os dois
homens jovens, molhados, continuavam aos pontapés quando apareceu Seu Rubião e
o filho mais novo que conseguiu apartar os dois combatentes.
- Parem já com isso – gritou seu
Rubião.- Bezerra, vá para casa. Vou falar com teu pai sobre tudo isso. Sei
muito bem que foi você quem provocou toda esta baderna.
Gerô, com o rosto ensanguentado,
gritou para o médico:
- doutorzinho de merda!. Vai me pagar
por isto!. Juro que vai!!!!- e desapareceu na mata.
Dois dias após o incidente do rio,
Rubião Rocha foi falar com o prefeito Bezerra e contou o que tinha acontecido.
- Coronel Bezerra, o senhor concorda
que tudo isso pode levar a situações mais serias. Temos que fazer alguma coisa.
- Sim, seu Rubião. Concordo. Vou
mandar o meu filho de volta para Recife. Não pode continuar assim.
Uma semana depois. Gerônimo Bezerra
partiu para a capital. Parecia que a tranquilidade voltou para as vidas de Alma
e Guto.
Guto recebeu um telegrama do pai, que
pediu a ele ir no final de semana. O médico aprontou-se para a breve viagem.
Decidiu ir de carro e convidou o irmão de Alma, Zé Rubião para acompanha-lo.
Para o jovem que quase nunca saia de Inajá, foi uma ocasião muito feliz em
poder visitar a capital. Os dois aprontaram-se e após se despedir da família,
partiram numa manhã de sábado.
- Estaremos de volta na terça – disse
Guto à Alma beijando-a na face.
- Esta bem. Se cuida meu querido –
disse Alma retribuindo o beijo.
O carro levando os dois jovens tomou
rumo a Recife pela estrada de terra que levava até Arcoverde. Uns dois
quilômetros antes de chegar a essa cidade do sertão de Moxotó, o carro parou.
Os dois desceram para ver o que tinha acontecido, quando de repente foram
atacados por três homens a cavalo com armas de fogo nas mãos. Sem poder fazer
nada, os homens atiraram nos dois jovens que caíram ao lado do veículo.
O sol quente do sertão brilhou sobre
o carro e sobre os corpos jogados na
estrada. Um dos jovens morreu na hora, o outro, ainda teve tempo de abrir os
olhos e olhar para o céu azul da manhã. Viu o rosto sorridente da moça bonita e
atraente que o tinha cativado ao chegar a Inajá. O ultimo pensamento foi de
como amava a moça e como ela o fizera feliz.
- “Alma”, suspirou e fechou os olhos
para sempre.
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