sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPITULO II PARTE VIII)


Numa certa tarde de sábado quente do sertão, Augusto Tristão foi até a casa dos Rocha visitar a sua namorada. Assim que chegou, Dadá lhe disse que Alma havia ido para o rio tomar banho. Ele, então, pediu permissão dela para se encontrar com a moça. Dadá não pôs nenhum obstáculo, inclusive disse para ele que ela mesma já ia chamar Alma para que voltasse para casa.

- Pode ir, doutor, já é hora dela voltar.

Augusto seguiu pela mata que levava ao rio Moxotó e assim que chegou a beirada, viu a moça tomando banho, desfrutando da tarde quente.

Ele chamou a moça, que rapidamente saiu da água e se juntou a ele.

- Oi meu amorzinho, estava aproveitando a tarde quente?

- Sim, Guto, a água esta morninha...adoro tomar banho no rio.

- Meu amor lindo – disse o médico e beijou-a com paixão.

Os dois não perceberam que estavam sendo observados. Gerônimo Bezerra estava atrás de uma moita, a certa distancia, olhando o que acontecia na beira do rio. Ele não resistiu e saiu correndo da mata e pegou Augusto por trás.

Quando Alma viu o Gerô se aproximar, gritou:

- Guto, cuidado.

Gerô se jogou encima do doutor e o derrubou a socos e pontapés. Guto recuperou-se rapidamente e começou a bater o rapaz com raiva. Aos gritos, Alma correu até a casa pedir ajuda. Enquanto isso os dois continuavam uma luta incessante que o arrastou até o rio. Os dois homens jovens, molhados, continuavam aos pontapés quando apareceu Seu Rubião e o filho mais novo que conseguiu apartar os dois combatentes.

- Parem já com isso – gritou seu Rubião.- Bezerra, vá para casa. Vou falar com teu pai sobre tudo isso. Sei muito bem que foi você quem provocou toda esta baderna.

Gerô, com o rosto ensanguentado, gritou para o médico:

- doutorzinho de merda!. Vai me pagar por isto!. Juro que vai!!!!- e desapareceu na mata.

Dois dias após o incidente do rio, Rubião Rocha foi falar com o prefeito Bezerra e contou o que tinha acontecido.

- Coronel Bezerra, o senhor concorda que tudo isso pode levar a situações mais serias. Temos que fazer alguma coisa.

- Sim, seu Rubião. Concordo. Vou mandar o meu filho de volta para Recife. Não pode continuar assim.

Uma semana depois. Gerônimo Bezerra partiu para a capital. Parecia que a tranquilidade voltou para as vidas de Alma e Guto.

Guto recebeu um telegrama do pai, que pediu a ele ir no final de semana. O médico aprontou-se para a breve viagem. Decidiu ir de carro e convidou o irmão de Alma, Zé Rubião para acompanha-lo. Para o jovem que quase nunca saia de Inajá, foi uma ocasião muito feliz em poder visitar a capital. Os dois aprontaram-se e após se despedir da família, partiram numa manhã de sábado.

- Estaremos de volta na terça – disse Guto à Alma beijando-a na face.

- Esta bem. Se cuida meu querido – disse Alma retribuindo o beijo.

O carro levando os dois jovens tomou rumo a Recife pela estrada de terra que levava até Arcoverde. Uns dois quilômetros antes de chegar a essa cidade do sertão de Moxotó, o carro parou. Os dois desceram para ver o que tinha acontecido, quando de repente foram atacados por três homens a cavalo com armas de fogo nas mãos. Sem poder fazer nada, os homens atiraram nos dois jovens que caíram ao lado do veículo.

O sol quente do sertão brilhou sobre o carro e sobre os corpos  jogados na estrada. Um dos jovens morreu na hora, o outro, ainda teve tempo de abrir os olhos e olhar para o céu azul da manhã. Viu o rosto sorridente da moça bonita e atraente que o tinha cativado ao chegar a Inajá. O ultimo pensamento foi de como amava a moça e como ela o fizera feliz.

- “Alma”, suspirou e fechou os olhos para sempre.

 

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