terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A MUSA SOLITÁRIA (FINAL) CONTO

A jovem era aluna nova da academia. Isso era mais do que obvio já que nunca a tinha visto antes. Enquanto eu tentava fazer os exercícios, não parava de olhar para ela e ouvir os comentários ao meu redor.
- Ah, ela toma algum esteróides – diziam os homens num grupo pequeno – só pode ser, para ter um corpo desses.
- Imagina! – disse outra moça – dizem que ela malha seis vezes por semana durante mais de duas horas e tem uma dieta muito rigorosa.
- Eu acho que ela deve se entupir de vitaminas, proteínas e muito mais – disse outro.
Enquanto escutava os comentários, alguns recheados de inveja, outros de admiração, talvez, disse a mim mesma que precisava falar com a moça, com a deusa, com a Cibele.
Mas, quando a procurei, não consegui encontrá-la. Na recepção me disseram que ela já tinha ido embora. Mas que amanhã estaria de volta no mesmo horário.
Mais tarde, enquanto jantava com os meus pais, contei a eles sobre a Cibele, a musa que tinha conseguido roubar suspiros e admiração de todos na academia.
No dia seguinte, claro, fui correndo para malhar e tentar encontrá-la. Não sabia o porquê, mas tinha que falar com ela.
E lá estava Cibele, fazendo exercícios de braço. Desta vez a platéia estava próxima a ela e não conseguia disfarçar a curiosidade.
Então, num momento em que o meu aparelho estava próximo, aproximei-me e sorrindo disse um “Olá” um tanto tímido.
- Olá, tudo bem? – respondeu-me Cibele também sorrindo.
- Você é nova por aqui, não é? – disse meio sem graça.
- Sim, comecei a malhar ontem. E você?
- Bem, eu já estou aqui há muitos anos. Sou Clara, prazer.
- Cibele, o prazer é meu...
- Pelo visto, você malha muito, parabéns, tem um corpo escultural.
- Ufa, obrigada. Sim, malho muito...É o único jeito de ter um corpo assim..
- Me diz uma coisa: além de malhar, você segue alguma dieta especial?
- Sim, tenho uma nutricionista e sigo a risca os conselhos dela.
- Por exemplo, quanto foi a ultima vez que comeu pizza?
Cibele ficou pensativa.
- Não me lembro ao certo...
- Nossa – disse rindo – e você come chocolate, doces, essas coisas?
- Não, nunca.
- Nunca? – disse admirada – Me diz como consegue isso...
- Com muita força de vontade,,,, Não posso comer nada disse...Só um pedacinho de chocolate uma vez ao mês,quando estou com TPM.
- Meu Deus....você deveria me dar conselhos...
- Conselhos? – disse Cibele admirada – como assim?
- Acontece que eu vou casar no final do ano, e gostaria que você me desse alguns conselhos de nutrição e talvez, de malhação também, porque quero estar bem, digo bem em forma, para o dia do casamento.
Cibele olhou para mim. Pensou um pouco e disse quase sorrindo
- Você quer conselhos meus? Vou te dizer uma coisa Clara. Eu vivo suportando dietas estritas, rigorosas, terríveis. Não saio quase com amigos para não comer, me mato malhando para ter este corpo que todos admiram e que eu gosto, mas...continuo encalhada, e você já está de casamento marcado. Pense nisso.
Sorrindo, ela dirigiu-se para o outro lado da academia. Eu fiquei estática no mesmo lugar, pensando no que ela me disse. É muito estranho mas, a musa que eu achava era feliz por ter um corpo assim, na verdade era uma pobre moça solitária.
“Graças a Deus, eu não sou” – pensei e continuei o meu treino.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

AS AVENTURAS DE FLOPI : "O JARDIM DOS CARACÓIS" (FINAL)


Então algo aconteceu. Era uma manhã soberba e azul. Os peixinhos, caracóis e todos os outros moluscos iam trabalhar depois de uma noite de descanso. A luminosidade do dia parecia refletir sobre as casas, o palácio de cristal do rei e o jardim, com sua luz primorosa. Todos estavam felizes nesse dia. Todos iam trabalhar alegres e contentes.
De repente, ouviu-se um estrondo que vinha do fundo do mar. Todos ficaram apavorados e não sabiam o que era aquilo. Flopi disse para Pampo que aquilo não era nada bom. Não era um bom sinal.
De repente o solo começou a tremer. Era um terremoto submarino e todos começaram a correr, gritando de desespero, procurando algum abrigo. Muitos entraram no jardim dos caracóis e viram, angustiados como as casas dos peixinhos iam caindo, como o palácio do rei, no meio do estrondo, desmoronava.
No jardim, os que estavam por perto, viram como a escultura da sereia, orgulho de Carapili, caia sem piedade transformando-se em mil pedaços.
Em poucos segundos, tudo ficara em ruínas.
Os peixes, tubarões, moluscos e os habitantes do mar viram como as ondas do céu (na superfície do mar) se mexiam ameaçadoras.
Depois, todos perceberam a tragédia que tinha acontecido.
Os peixinhos que conseguiram se salvar correram para ver o estado de suas casas. Os tubarões reais, com Fidalgo à frente, apressaram-se para salvar o rei Tritão que, felizmente, tinha se salvado miraculosamente.
No jardim, muitos peixinhos viram o desastre. Quando Caracão, Carapili e Caracoli chegaram, perceberam que tudo tinha sido destruído. Caracoli não agüentou e chorou de amargura e tristeza.
A difícil missão de reconstrução deveria começar, é já.
Flopi, Pampo e Dalfinho tentavam consolar os irmãos caracóis em vão. Eles estavam com o coração destruído. Então, Flopi disse : “Não se preocupem, vamos ajudar vocês a reconstruírem tudo”. Pampo assentiu com a cabeça e Dalfinho também.
Passaram-se vários meses. A reconstrução foi lenta, mas todos colaboraram. Primeiro, reconstruíram as casas e o palácio, depois a atenção de todos voltou-se para o jardim dos caracóis que começou a ser reconstruído com muito esforço por todos os habitantes do reino do Mar Azul.
Um ano depois, Flopi, Pampo e Dalfinho estavam presentes na reinauguração do Jardim, com a presença do rei e de toda a corte. Tudo voltara a ser como antes. O jardim ficara exatamente como era antes, exceto por uma coisa : a escultura. Agora, ela não era mais uma sereia. O Carapili tivera a idéia de fazer a escultura de um enorme tridente, em homenagem ao próprio rei Tritão. A escultura era de cor dourada, e num momento do dia, o raio do sol a iluminava e fazia que ela brilhasse com tanta intensidade que, os peixinhos que passavam por perto, tinham que fechar os olhos de admiração e surpresa.
O jardim dos caracóis voltara a ser o que sempre foi: um lugar feliz para todos os peixinhos que a visitavam.

F I M

domingo, 29 de janeiro de 2012

A MUSA SOLITÁRIA (I) CONTO

Nem me lembro bem quando aconteceu realmente. Só sei que foi numa noite chuvosa de verão, de finais de janeiro. Eu cheguei apressada à minha casa após um dia exaustivo de trabalho e com uma preguiça terrível de malhar na academia. Mas não dei corda à minha imaginação nem ao meu cansaço e, decidi cumprir com a minha rotina de exercícios físicos apesar de que o meu corpo pedia uma noite de descanso.
Quando cheguei à academia, notei que, apesar do mau tempo, estava lotada. Acho que devia ser uma segunda feira porque, esse dia é considerado como o dia da culpa para todos. Depois de um final de semana não muito católico, com certeza, a culpa de ter comido ou bebido muito acaba em malhação exagerada.
Ao chegar, cumprimentei alguns amigos que estavam nos aparelhos. Mas, alguma coisa estava diferente no ambiente. Não saberia dizer o que era. Então, subi na esteira e comecei a fazer o meu treino.
No principio, só olhava para a programação da TV que estava diante de mim. Depois, olhei ao meu redor e percebi que todos os olhares dirigiam-se para a parte posterior da academia, exatamente onde estavam localizados os aparelhos para fazer exercícios de pernas.
Todos, sem exceção, homens e mulheres, olhavam com assombro. Isso me intrigou, mas não podia abandonar a esteira só por curiosidade. Devia terminar o meu treino direitinho. Enquanto isso, minha ansiedade aumentava e era movida por uma sensação fora do comum. Era evidente que algo extraordinário estava acontecendo.
Por fim, quando terminei a esteira, percebi que o foco de atenção dos presentes não estava mais no mesmo lugar, eles dirigiam-se para a área dos abdominais. Não resisti e aproximei-me o mais discreta possível. Então, eu também fiquei de boca aberta pelo que vi.
Uma jovem mulher fazia abdominais na barra com um garbo e com uma elegância que não tinha visto jamais. Mas não era só isso: ela tinha um corpo tão escultural que deixava os homens babando e as mulheres petrificadas de inveja.
Perguntei-me, como era possível alguém construir um corpo assim. Pelos meus cálculos a moça não deveria ter mais de trinta anos. Então compreendi o porquê de tanto fuzuê. A jovem em questão, não era só uma mulher, era uma deusa.
Não demorou muito para saber o nome dela. Chamava-se Cibele, como a deusa grega e fazia jus ao nome.
A jovem era aluna nova da academia. Isso era mais do que obvio já que nunca a tinha visto antes. Enquanto eu tentava fazer os exercícios, não parava de olhar para ela e ouvir os comentários ao meu redor.

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO

DOÇURA

Sensação impalpável de ternura. Fragilidade efêmera de emoção e caridade. A alma fica doce quando enfrenta a vida com maior paciência, amor e esperança. A doçura na personalidade de uma pessoa é a cereja que a enfeita, que dá o sabor de bondade e altruísmo nos mínimos detalhes do comportamento humano. Qualidade ou virtude do que é meigo, o que apresenta suavidade e brandura; o que é agradável, prazeroso e o que propicia deleites.

sábado, 28 de janeiro de 2012

AS AVENTURAS DE FLOPI : "O JARDIM DOS CARACÓIS" (I)




O reino do Mar Azul está de festa uma vez mais. Perto da praça real onde se encontra o Palácio de Cristal do Rei Tritão III, os irmãos caracóis Caracão, Carapili e Caracoli , tinham construído um jardim imenso e lindo que seria inaugurado hoje pelo rei em pessoa.
Caracão era o irmão mais velho dos três. Era forte e musculoso e já tinha construído muitos monumentos para o reino em todo o oceano. Mantinha um grupo de construtores caracóis que, sob suas ordens, construíam muitos monumentos, casinhas para todos os peixes e também alguns palácios para a corte. O Carapili era o caracol escultor; ele fazia as esculturas mais lindas do Reino, e hoje não seria diferente: ele tinha feito uma escultura em pedra de uma sereia com olhos brilhantes.
Caracoli era paisagista. Ele desenhara o Jardim dos Caracóis com tanto carinho e afinco que, ao acabar, não pôde conter-se de emoção e alegria. Sem duvida, o dia de hoje seria de grande orgulho para os irmãos caracóis.
Flopi, Pampo e Dalfinho estavam no evento junto com todos os peixinhos do reino. Fidalgo, como chefe dos tubarões, fazia a guarda de honra para o Rei Tritão, que apareceu com toda a sua corte exatamente no horário previsto.
O jardim foi inaugurado com uma sucessão de fogos de artifício. Depois o Rei sentou-se no camarote oficial e dali sorriu para a multidão de peixes que o saudavam. Então, começou o show dos caracóis, que cantavam e dançavam diante do Rei :

“Somos os caracóis do Reino do Mar Azul
Viemos cantar a nossa felicidade neste dia especial
O jardim está inaugurado, ele será,
o lugar de alegria e felicidade para todos, ele será”

E assim a festa continuou durante todo o dia.
Quando tudo acabou, Caracoli, sozinho, fez um passeio orgulhoso pelos cantos do jardim. No centro, a enorme escultura da sereia azul, feita pelo Carapili. Dos lados, muitas plantas aquáticas e no meio, um passeio de pedras e casquinhas de caracóis de todas as cores decoravam o ambiente. Tudo era lindo e perfeito. Caracoli pensou em tudo o que o seu amigo Flopi lhe dissera após a inauguração: “Parabéns meu querido Caracoli, o seu jardim, alem de lindo e prazeroso, vai servir para todos os peixinhos do reino que querem descansar e aproveitar a sua beleza”
Caracoli sorrira de emoção. Flopi tinha razão. Olhou mais uma vez para o lugar, e depois atravessou o grande portão de ferro e foi para casa, satisfeito.
Passaram-se alguns meses. O jardim dos caracóis fora fiel à sua missão de ser um lugar de recreio e diversão, de descanso e passeio para todos os peixinhos que por ali passavam. De vez em quando, os irmãos caracóis passavam e entravam nele para deliciar-se com o seu ambiente fresco e agradável. Era o orgulho da família. Era o lugar onde todos encontravam alegria e paz.
Flopi e seus amigos eram muito assíduos do jardim. Não havia uma só semana em que eles não se encontravam ali para conversar, falar sobre os últimos acontecimentos do reino, ou simplesmente jogar conversa fora. Todos adoravam o lugar.

CHUVA DE VERÃO


“Chuva que cai,
exalando emocão
Verão, esperanças... paixão”.

“Inspiração úmida
Sensação de candura
Verão e ternura”

“Água de verão
Sol de paixão,
e ilusão molhada”

“Sorriso e emoção
Chuva que traz
Promessas de eterna paixão”

VERANO MOJADO


Verano mojado
Lluvia de esperanzas
Caliginoso sol de enero
Vibración de estío

Verano lluvioso
Húmedo, brioso
Estío brillante
Murmullo errante.

Enero de sol rabioso
Acerado esplendor urbano
Lluvia refrescante
Amor expectante.

Lluvia de verano
Temblor de emociones
Fragor de ensueños exultantes
Perenne ilusión.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS


SÃO PAULO DE MIL ROSTOS
E DE MIL AMORES,
DE MIL CANTOS FLORECIDOS
E DE MUITOS MONUMENTOS ESQUECIDOS.

MILHÕES DE PESSOAS
ABRAÇAM AS SUAS AVENIDAS
AMORES E PAIXÕES
COMEÇAM E ACABAM NAS SUAS ESQUINAS
OBSCURAS, MISTERIOSAS
ILUMINADAS , PEQUENAS E IMENSAS
SEDENTAS DE DINAMISMO
E A CADA MOMENTO, EXPLOSÃO DE REALISMO.

A REALIDADE ABRANGE
OS SEUS PARQUES, PRAÇAS E RUAS
OS SEUS OBSCUROS BECOS
A SUA AMBIÇÃO NUA.

CIDADE DE MIL CORES
E DE MIL AMORES
CAMALEÃO PERMANENTE
CINZA, AZUL, VERDE, BRANCO
VERMELHO, AMARELO FOSFORESCENTE

CADA AMANHECER,
MAJESTOSA E SILENCIOSA
A CIDADE ACORDA
SONOLENA E DISTANTE.
O SOL DE CADA MANHÃ
ILUMINA, TÍMIDO E SORRIDENTE
ANUNCIANDO QUE MAIS UM DIA CHEGOU
PARA A ETERNA CORRERIA DE TEUS HABITANTES.

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS
PENSATIVOS E ALEGRES
DUVIDOSOS E TRISTES
SORRIDENTES E PACIENTES.


SÃO PAULO DE MIL AVENIDAS
DE MIL RUÍDOS, DE MIL MELODIAS
DE MIL MANIAS.

ESTONTEANTE, DISTANTE
ABSORVENTE, DOMINANTE
ALEGRE, PUJANTE
CHAMPAGNE BORBULHANTE.

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS
TANTAS VEZES AMADA
TANTAS VEZES REJEITADA
MAS NUNCA ESQUECIDA.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

HAIKAI DE SÃO PAULO


O sol ilumina
a cidade etérea
A alegria corre solta,
efervescente, eterna.

Leve garoa
abraça a cidade
pulsar firme de qualquer idade

A cidade acorda
com energia e emoção
Mando-lhe um beijo
cheio de paixão

Cidade
de ritmos vibrantes
Champanha borbulhante.

BREVE PENSAMENTO SOBRE ARTE

Arte é um delicado abismo de desordem

É a melhor maneira de despojar-nos dos nossos conceitos adquiridos e voar para o infinito.

É um conceito da natureza humana. Ela pré-existe antes de ser confinada nos ambientes dos artistas; por tanto, todo ser humano é, de certa forma, um artista da vida.

A arte retrata a transformação do mundo.

O ser humano tem a tendência de ver o outro através dos clichês. A arte cria o sentido oposto ao clichê, ao obvio.

A arte nasce no cotidiano da humanidade. Inquietação e transformação provocando um novo olhar e dando uma nova dimensão é o seu principal sinônimo.
Qualquer lugar no mundo é motivo de inspiração. A arte capta o sinal da natureza, da rua, do dia a dia, e cria um novo conceito.

O artista é um ser disponível e com coragem de transformar o cotidiano através do processo do olhar. A arte nasce no olhar.

domingo, 22 de janeiro de 2012

DIARIO DE UM CORREDOR





RECONHECENDO A CIDADE: CORRIDA ATÉ O CENTRO DE SAMPA

Nunca imaginei que seria tão bom conhecer os cantos mil desta cidade tão especial como São Paulo, correndo através dela, pelas suas ruas, suas praças, seus jardins, seus monumentos, em fim, sua própria vida.
Como tinha um longo treino a fazer, acordei muito cedo neste sábado de janeiro, vésperas do aniversário da cidade. Em poucos dias mais, a minha querida São Paulo completará 458 anos de existência.
Saí do meu prédio no bairro de Campo Belo, aproximadamente as seis da manha. Ainda estava escuro, parecia que seria um dia nublado e o silencio das ruas convidava à meditação enquanto começava a correr.
Primeiro quilômetro: interseção da Avenida Vereador Jose Diniz com à Demóstenes, bem perto da ponte da Avenida dos Bandeirantes. Passei frente ao Shopping Ibirapuera na avenida do mesmo nome. O transito estava tranquilo, a cidade parecia adormecer no meio de um mar de calmaria e sonhos.
Cheguei até a Avenida Republica do Líbano e fui até o parque do Ibirapuera. Ali deram os três primeiros quilômetros. Passei pela beirada do parque e entrei na Avenida Brasil, no elegante bairro de Jardins.
Os casarões charmosos do bairro pareciam não querer acordar. O céu já estava claro. Quilômetro sete.
Atravessei a Nove de Julho, à Rebouças, e entrei na Avenida Sumaré. Quilômetro dez.
Subi até a Avenida Doutor Arnaldo e passei frente ao Hospital de Clinicas. Aqui comecei a notar um transito mais carregado.
Entrei no começo da paulista. Quilometro onze. E decidi descer até o centro pela rua da Consolação. Chego até a Igreja do mesmo nome e atravesso a São Luiz. Quilometro doze.
Sem perceber, já estava frente ao centenário e, recém reformado Teatro Municipal e contemplei o Vale do Anhangabaú desde o Viaduto do Chá. Entrei na Libero Badaró e cheguei no Mosteiro de São Bento. Quilômetro quinze. Este lugar é sagrado, e nesta manhã de Sábado, parecia adquirir uma aura especial de espiritualidade. O meu café favorito, o “Girondino`s” estava prestes a abrir.
No meio dos prédios antigos e históricos, cheguei ao Pátio do Colégio, o lugar da fundação da cidade onde se encontra o Museu Anchieta. Ao lado, o Palácio de Justiça, de cor rosa com colunas centenárias, tinha uma imponência que me impressionou. Umas pombas voavam frente à coluna da praça. Poucas pessoas ao redor. O dia já estava começando. Eram às sete e meia da manha e completava o quilômetro dezesseis.
Dali à Praça da Sé foi um pulo. O marco zero da cidade estava cheio de gente, entrando e saindo do metrô, tomando café nos bares ao redor, e os vendedores ambulantes já estavam oferecendo suas mercadorias. A cidade, certamente, já tinha acordado.
Peguei a Avenida Liberdade e atravessei o bairro mais oriental de São Paulo. Aqui o ambiente era de trabalho e euforia. Muitas tendas já estavam sendo montadas para a grande festa do ano novo chinês, o ano do dragão, que começaria neste final de semana.
Passei pelas estações São Joaquim e Vergueiro, o Centro Cultural São Paulo, com a sua construção moderna e contraditória, e cheguei à estação Paraíso do metrô. Quilômetro dezenove.
Cruzei a avenida e entrei na Rua Abílio Soares. Dali até o parque do Ibirapuera era uma descida só. Cheguei ao parque quando percebi que já estava no quilometro vinte e um e meio. Já tinha corrido uma meia maratona.
Entrei no parque que, como sempre, estava cheio de corredores, caminhantes e ciclistas. Já deram às oito da manhã. O Sol não aparecia ainda. Tudo estava nublado, mas também tudo estava cheio de vida e esperança.
No parque encontrei alguns colegas de corrida. Era a primeira vez que os encontrava neste ano. Foi um encontro maravilhoso: abraços, sorrisos e beijos. A vida é muito boa.
Atravessei o parque e a Avenida República do Líbano, corri por meio das ruas de Moema e terminei o quilometro 25 na Avenida Ibirapuera, quase enfrente a Igreja Nossa Senhora Aparecida de Moema.
Assim, através da corrida, dei um passeio pela cidade. Passei por tantos lugares, tão diferentes uns dos outros e, tudo isso é a cidade. A minha cidade, aquela que aprendi a amar e respeitar, aquela que me acolhe dia a dia e que me surpreende com seus mistérios e segredos, com sua dureza e sensibilidade, com sua delicada arte, com seus habitantes heterogêneos e tão singulares. Essa mistura da alma paulistana é o que mais me atrai na cidade. Tão nova e tão velha, mas sempre eterna: São Paulo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

MELODIAS DA VIDA

Há músicas que ficam
guardadas na memória
Há melodias que imprimem
eternidade à vida

Posso dizer, por exemplo:
Eu sei que vou te amar
e, posso confirmar que o sempre
será por toda a minha vida.

E por falar em saudades,
onde anda você?
Você que é o meu caminho, meu vinho,
meu vicio, desde o inicio
Estava você!

Quando você me deixou, meu bem
Olhei-me no espelho
Quebrei o teu prato, bebi teu licor
E eu quis lutar contra o poder do amor.


Quantos labirintos, tem meu coração,
para eu te perder, e me encontrar?
Quantas vezes, sonhei com você
sob o azul do céu e o verde do mar

O mar:
o mais ininteligível dos seres inumanos
Vazou de uma paixão, encheu a minha mão
Do meu barco de papel maché
dava pra ver, o tempo ruir

Eu quero o sol, ao despertar
até ele nascer amarelinho,
porque o melhor da vida vai começar
quando ele me aquecer mansinho, mansinho, mansinho


Chora essa saudade estrangulada
que me faz arranhar os seus cabelos
Diga: sem você não há mais nada
Porque eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida!.


Mas é preciso ter força, garra, gana sempre
Vida, vida, do jeito que for
Me abrace e me aqueça neste inverno
Faz brilhar em mim,
a luz do amor.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS (III)




CICLOVIA DOMINICAL

A paisagem urbana do domingo paulistano certamente mudou quando foi implantado a CICLOVIA aos domingos, das 7 às 16hs.
A cidade acostumada a viver a quatro rodas, com um tráfego incessante e caótico, de repente transformou-se numa passarela de bicicletas que a invadiram ao longo de mais de trinta quilômetros.
O primeiro trajeto começa no Parque das Bicicletas, na Avenida Republica do Líbano esquina com a Avenida Ibirapuera, no bairro de Moema. A ciclovia nos leva até o Parque do Ibirapuera, o maior e mais importante parque da cidade. Dali, atravessamos o bairro de Vila Nova Conceição pela Avenida Helio Pellegrino, Brigadeiro Faria Lima e Juscelino Kubitscheck até chegar ao Parque do Povo, uns dos mais novos de Sampa.
Apesar de ser pequeno, o parque tem um ambiente familiar e agradável, e a vista que se tem dos prédios do bairro de Itaim Bibi, lembram os edifícios ao redor do Central Park Novaiorquino.
Pois bem, agora atravessamos a Ponte Cidade Jardim e contemplamos a Marginal Pinheiros e, o rio do mesmo nome que atravessa ao meio. Os edifícios modernos deste lugar nos lembram, a importância de São Paulo como pólo econômico da América Latina.
Então passamos frente ao Jóquei Clube e chegamos à USP.
O Campus da USP, para muitos, é o pulmão da cidade. Vale a pena passear pelas suas alamedas, suas largas avenidas e seus inúmeros cantos que fazem dele um Oasis na zona oeste da cidade. No meio dos edifícios universitários, a USP é considerada a instituição universitária mais importante do país e do continente. Aos sábados, ela recebe milhares de atletas e amadores que percorrem suas trilhas correndo ou andando de bicicleta.
A ciclovia atravessa a Ponte Cidade universitária e entra no elegante bairro de Pinheiros até chegar ao Parque Villa Lobos.
Este parque tem a maior afluência de bicicletas da cidade. Ele foi estruturado para ser mais um parque de bicicletas do que de corridas. Não é pequeno, porém, por ser ainda novo carece de árvores que nos protegem do raivoso sol de verão.
Outra ciclovia começa na Avenida Roberto Marinho, no limite dos bairros Campo Belo e Brooklin e, estende-se até o começo da Avenida Luis Carlos Berrini, o novo centro financeiro de São Paulo.
Nesta avenida larga e movimentada, encontramos muitos edifícios de arquitetura moderna que sediam corporações e empresas internacionais. A ciclovia atravessa toda ela, chegando a Vila Olimpia e juntando-se à ciclovia principal, no Parque do Povo.
Da Estação Vila Olimpia da Companhia de Trens Metropolitanos , a CPTM, atravessa-se uma ponte e nos encontramos com outra ciclovia : à da Marginal Pinheiros.
Ao longo da Marginal e da linha do trem, esta ciclovia percorre uns 15kms até as imediações do bairro de Interlagos, à beira do rio. A vista é fantástica, mas nos dias de calor, o mau cheiro do rio Pinheiros pode chegar a ser desconfortável, mas vale a pena conhecer-lo.
Existem projetos na Prefeitura da Cidade, para estender a ciclovia para mais lugares e bairros. Isso seria maravilhoso. São Paulo é uma cidade com cantos mil e que oferece, aos que procuram, lugares incríveis dignos de serem conhecidos e apreciados.
Se pudéssemos, pelo menos em parte, evitar o transito intenso da capital paulista andando de bicicleta, já ajudaríamos bastante a fazer desta cidade, um lugar melhor de se viver.

VIDA MISTERIOSA

A vida se me é
e eu não entendo o que digo
A vida é o principio
E o principio, o espírito
A minha vida eu a vejo
desde o cume da minha largueza
larga, largueza humana,
construída pelas emoções,
pelo meu próprio destino
e pelos meus próprios sonhos.

A vida é uma entrega
ao mais neutro viver
É lá onde o existir se mantêm
inerte e sem energia
E de lá, de onde emanam
as faíscas das minhas dúvidas
É lá onde nasce
o meu rosto que em pudor sorri

Não temo a carência
pois é o meu grande destino
O amor é tão inerente
quanto à própria carência

Estar vivo é viver a vida
de forma inatingível
Estar vivo é uma meditação serena
e tão vazia,
quanto à própria existência.

Viver a vida é irradiante
Estar vivo é inumano
Hoje, por fim, estou caminhando
em direção ao caminho inverso

Minha vida é um mistério
constante e transcendente
Ela é um verdadeiro instante humano
Insistência, desistência
Trajetória de mim mesmo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

AMOR SEM PALAVRAS


O amor
Não tem palavras
Que o descrevam.

É um mistério
É uma eternidade
Existe no mundo mais incipiente
Do coração dos homens
É se desenvolve com uma coragem hercúlea
Através de suas ações.

O amor é infinito
E é efêmero
Ele invade a razão e a imobiliza
Ela recolhe os restos de consciência
E os joga à imortalidade.

Ele vence batalhas ferozes
Ele é integro e é fugaz
Pode ser eterno, como pode não durar
Mas é sempre imortal!

EL EVANGELIO SEGÚN CLARICE LISPECTOR


En una de sus obras más controvertidas – para muchos, la más grandiosa-, “El evangelio según G.H.”, Clarice Lispector nos muestra el alma humana que se confronta con sus más terribles miedos.
En el afán por vivir, el ser humano debe vencer obstáculos, pasar vicisitudes, depararse con enfrentamientos emocionales y, encontrar fuerzas para conocerse a sí mismo.
En esta obra, para muchos difícil y compleja, Clarice narra la historia de una mujer “G.H.” profesionalmente bien sucedida, con marido e hijos, aparentemente con su vida estructurada. Un día cualquiera, ella decide ir al cuarto de la empleada doméstica (a la que había despedido) para limpiarlo. En esa habitación pequeña y algo oscura, G.H. se depara con un insecto asqueroso: una cucaracha blanca y vetusta. Allí, frente a frente con este ser viviente por quien siente una humana repulsa, la mujer ve pasar ante sus ojos, su propia vida. La tan “estructurada” vida, se deshace como un castillo de naipes. Dudas, temores, sufrimientos, traumas, toman cuenta de ella. El insecto la atrapa en medio de su rutina “civilizada” y la lanza afuera de lo humano, dejándola al borde del corazón salvaje de la vida.
Este deseo de encontrar aquello que sobra del hombre cuando el lenguaje se agota, es lo que mueve, desde el inicio, la literatura de Clarice Lispector.

sábado, 14 de janeiro de 2012

CAFÉ


O primeiro gole é inebriante. Ele percorre lentamente minhas entranhas e manda um recado pro meu cérebro: tem um liquido preto e forte provocando um momento de prazer incrível!
O café é, sem dúvidas, uma bebida heterogênea no sentido mais amplo. Ele tem o poder de mil sabores que estimulam a minha memória mais visível. Ao bebê-lo, posso sentir no meu paladar, uma mistura de lembranças ofegantes de um passado de esplendor e, de um presente promissor. A esperança e a fantasia misturam-se com elementos misteriosos que emanam de um cheiro de café. Ele sobe até a minha pele e acelera-a de um jeito que outra bebida não consegue alcançar.
Então, fecho os olhos e me debruço no meio das emoções e dos momentos mais plenos.
A razão pela qual estou entrando em “devaneios” pelo café é para explicar o que esta bebida provoca em mim. Certamente poderia viver sem ele, mas a vida não seria igual. Sem sombra de dúvidas.

HAIKAI DE VERANO (II)


“O verão
Instala-se em nossas vidas
com seu raio de sol brilhante”.

“É verão
A vida é inundada
pelos sonhos e, pela ilusão”.

“A vida segue lenta
como o calor do verão”.

“O amanhecer
Se desperta brilhante
Com o sol de verão”.

“Sol, praia, mar
Sonhos e devaneios
É o reino do verão”.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ESTÍO BRILLANTE


La nocturnidad plácida
es invadida por la luminosidad
del día.
Brillante día, rayos fulgurantes
de un sol rabioso
y lleno de esperanzas.
Es el verano que sojuzga
nuestros más íntimos pensamientos
La vida se renueva
A cada gota de mar azul
Reluciente, centelleante,
cual caleidoscopio de ilusiones,
Ensoñaciones y quimeras.
Es el reino del Sol
Es el estío de esperanzas
Es el fulgor del sueño eterno.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS (II)




ESPIRITUALIDADE TRASCÊNDENTE: O MOSTEIRO DE SÃO BENTO

O Mosteiro de São Bento, dos monges beneditinos é um dos lugares mais típicos da capital paulista. Formam parte dele a Basílica consagrada a Nossa Senhora da Assuncão, o atual Colégio e Faculdade de São Bento. Os monges que ali residem levam uma vida de oração seguindo as regras da Sociedade Beneditina.
Fundada em 1598 pelo monge beneditino Frei Mauricio Teixeira, no ângulo formado pelos rios Anhangabaú e Tamanduateí, o Mosteiro foi considerado sempre uma das primeiras edificações religiosas da cidade, junto com o Pátio do Colégio. Desde 1600 quando se construiu a primeira capela do mosteiro, teve varias reformas até o conjunto arquitetônico atual, que data do ano de 1914. A ultima reforma data de 2006 para receber o atual Papa Bento XVI um ano depois, em sua primeira visita ao Brasil.
Uma Missa na Basílica do Mosteiro é uma experiência que não deve ser deixada de lado. Aos domingos pela manhã, quando o grande relógio da torre do Mosteiro toca as dez badaladas, os monges, em procissão entram na nave central entoando cantos gregorianos seguidos pelo acorde do famoso órgão de tubo, de procedência alemã.
Começa então a cerimônia que é um exemplo de esplendor do culto católico. A Catedral tem varias colunas com imagens dos apóstolos. Pelas paredes laterais, uma sucessão pinturas de anjos com trompetes. O teto é de estilo bizantino, com grandes relevos de imagens de Cristo Crucificado e da Virgem Maria. No altar mor, um enorme e maravilhoso vitral de Nossa Senhora da Assuncão.
Quando a cerimônia começa, o cheiro e a fumaça do incenso tomam conta do lugar, espairece-se sobre os fieis e sobem até o teto, atiçando a espiritualidade de um modo incrível.
Para os não crentes, vale a pena ouvir os acordes do órgão e as vozes profundas, melodiosas e masculinas dos monges. O canto gregoriano é o canto oficial e litúrgico da Igreja Católica, e é de uma beleza sem igual.
No final da Missa, ao lado esquerdo da entrada, uma pequena loja do mosteiro, vende pães, bolos e doces feitos pelos próprios monges, assim como livros, Cds, e relíquias interessantes.
Após a Missa, uma boa sugestão: um saboroso café no GIRONDINO`S, localizado em frente a praça do Mosteiro. O Café é um lugar obrigatório para os que gostam de apreciar os requintes do passado paulistano. O lugar está decorado com fotografias do São Paulo antigo. No andar de cima, tem um excelente restaurante. Uma boa pedida.
Uma vez, recebi um amigo alemão que veio visitar a cidade por primeira vez. Levei-o ao centro antigo da cidade e aproveitamos para tomar uma cerveja no Girondino`s, exatamente quando tocavam os sinos de São Bento. Ele me disse que isso o fazia remeter às charmosas praças de cidades européias.

DILEMA

¿Es real la perspectiva que tenemos de nuestra realidad? Me refiero a nuestra realidad personal.
A veces pienso que vivo en un mundo virtual, que mi realidad, en comparación con la de los demás, no es tan real como me la imagino.
¿No sería más fácil no pensar mucho en esos dilemas y vivir la vida disfrutándola? A fin de cuentas, esta es la vida que me toca vivir y debería, hacer todo lo posible por llevarla de la mejor manera posible.
En este verano, no me quejo del calor. Sólo lo siento y me arropo en él como si fuera mi segunda piel.
He terminado un libro. Toda vez que termino de leer uno, siento como si lo hubiera perdido para siempre. El libro deja de existir y se almacena en mi memoria. Le pongo un “chip” y ya está en un archivo de mi biblioteca mental. ¡Eso es asombroso!.
Me sumerjo en el sueño para buscar algo de eternidad. El dilema que tengo sobre mi realidad es algo efímero. Parece que, en el sueño, esa vida que a veces la califico de virtual, es casi invisible, delicada como un haz de luz que entra por la ventana y que depende de que ella esté abierta; que en cualquier momento esa ventana puede cerrarse – abruptamente –, y ese pequeño haz de luz desaparecería sin que yo pueda hacer nada.
Son los dilemas de mi existencia.

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO

ESTADO DE GRAÇA

É aquele estado de tranqüila felicidade e de profunda leveza, tanto no corpo como no espírito. No estado de graça vê-se a verdadeira beleza, antes inatingível, de outra pessoa. É um esplendor que irradia dentro de si e nas pessoas e coisas.
Clarice Lispector explicava que no estado de graça “passa-se a sentir que tudo o que existe – pessoa ou coisa – respira e exala uma espécie de finíssimo resplendor de energia. A verdade do mundo é impalpável”.

domingo, 8 de janeiro de 2012

PARAÍSO E INFIERNO EN LA TIERRA


Hoy es domingo, el sol de verano aparece lentamente en mi ventana iluminando todo. Esa metáfora eterna de que el sol todo lo ilumina con una luz de esperanza, que distribuye una energía vital sobre nosotros, seres humanos, es una alegoría necesaria para meditar sobre las bendiciones que recibimos todos los días.
Hoy no es un día común, es domingo. El silencio invade mi casa, en la sala, sólo un hermoso perro “siberiano” duerme plácidamente. La casa está todavía en brazos de Morfeo y la soledad que siento es aquella claramente reconfortante y útil.
Entonces, tomo un sorbo de café caliente y empiezo a leer el periódico dominical. Inicio por las noticias políticas, los deportes, nacionales, internacionales, algunos interesantes clasificados y llegó a una página especial de artículos periodísticas llamado “ALIÁS”. De pronto me deparo con un artículo sobre una mujer norcoreana sobreviviente, mejor dicho, superviviente, de un campo de concentración en su país.
Hasta ahora, la situación política y social de Corea del Norte era para mí una entelequia, una realidad virtual, paralela a mi vida. He visto imágenes por la televisión que me helaron la sangre. Imágenes de los funerales del dictador Kim Jong-IL. Millares de personas, en un acceso de histeria colectiva, lloraban y se echaban al suelo al ver pasar el cortejo. Era como si un cataclismo hubiera sucedido en sus vidas. Todo eso tendría otra connotación si las condiciones de esas personas – aparentemente sufrientes- fueran resultado de un sistema que les ayuda y les privilegia en las condiciones mínimas de seres humanos. Pero, desgraciadamente no es así. El país es considerado uno de los más pobres y de calidad de vida más indigente del planeta. Tiene una población sojuzgada bajo un régimen tirano y déspota que la hace morir de hambre. La comunidad internacional nada hace por atenazar a este gobierno simplemente deshumano.
Entonces empecé a leer el artículo y me vino a la mente la cuestión del Paraíso y el infierno. ¿Cómo es posible que, en un lugar tan hermoso como nuestro planeta, tan azul visto desde el espacio, con tanta vegetación, ríos, lagos, océanos, islas, lugares paradisíacos, etc., todavía existan lugares terribles que podemos llamar infierno en la tierra?
La desgraciada vida de Kim-Hye-Sook, sobreviviente del “Gulah”, una especie de campo de concentración norcoreana parece haber vivido las peores ordalías semejantes al propio infierno. Siendo apenas una niña, y sin saber la causa, fue llevada con toda su familia a un Gulah, en represalia por la huída de un pariente cercano, y allí vio morir a su padre, su madre y dos hermanos en las minas de carbón. Le sobrevivieron otros dos hermanos menores. Lo que la pobre Kim ha descrito es algo espeluznante. Vio a una mujer comer la carne de su propio hijo para no morir de hambre, vio a hombres, mujeres y niños, maltrechos y en harapos trabajar hasta morir y sufrir todas las vejaciones que un ser humano es capaz de soportar.
Por suerte, Kim pudo escapar, pues había sido vendida a un chino en matrimonio y así, a través de China, Laos y Tailandia logró librarse del infierno; reside en Corea del Sur y; es considerada una de las más raras fuentes del servicio de inteligencia surcoreana.
Kim aún tiene dos luchas particulares a vencer: la liberación de sus dos hermanos y un cáncer que se desarrolló en sus bronquios después del trabajo forzado en las minas. Como misión de vida, quiso revelar la esencia del régimen norcoreano y su sistema de prisión contra los opositores.
Mi homenaje sincero, como ser humano, es para esta mujer que logró sobrevivir al infierno y a los otros tantos que no lo consiguieron, pese al tremendo esfuerzo que han hecho para defender la suprema esencia de la dignidad humana : el derecho de ser libre.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO


EPIFANIA OU MANIFESTAÇÃO

Festa da liturgia católica em que finaliza o período do Natal. Refere-se à visita dos Reis Magos ao menino Jesus, oferecendo ouro, incenso e mirra.
Esta festa é a consagração da supremacia universal do Filho de Deus, feito homem para nossa Redenção. A visita dos Reis Magos simboliza o reconhecimento da realeza de Cristo a todas as nações.
O ouro simboliza a realeza de Cristo; o incenso é símbolo do supremo sacerdócio de Jesus e, a mirra significa o sacrifício que o Filho de Deus terá que fazer pela humanidade para Redimi-la e salva-la.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SÃO PAULO DE MIL ROSTOS (I)


SÃO PAULO DE MIL ROSTOS
Uma visão estrangeira sobre uma das maiores cidades do planeta.

PATTEO DO COLLEGIO

Numa cidade tão imensa como São Paulo onde o horizonte se confunde com milhares de telhados, edifícios altos, arranha-céus imponentes e construções modernas, é difícil imaginar onde tudo começou.
O marco zero da capital paulista é, certamente a Praça da Sé, mas o marco histórico de fundação da cidade fica a pouca distancia dali: O chamado “Pátio do Colégio” localizado no coração do centro antigo.
O Padre José de Anchieta e seguidores, decidiram estabelecer o centro de sua missão evangelizadora dos índios do lugar. O lugar escolhido era uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú é considerado, a pedra fundamental onde se estabeleceu a cidade.
No dia 25 de janeiro de 1554, dia em que no calendário cristão se recorda a conversão de São Paulo, diante da primeira cabana construída com ajuda dos índios, celebrou-se a primeira Missa da fundação do Colégio Jesuíta.
Foi sede do governo paulista até inícios do século XX e, finalmente o atual Museu Anchieta desde 1979. Abriga atividades culturais e religiosas, Igreja, biblioteca temática e projetos culturais.
Da primeira edificação do século XVI, só restam partes da parede que pode ser apreciada como relíquias da época. No museu histórico, pinturas, objetos sacros, mapas, maquetes e painéis explicando a história da cidade e da sua edificação. Também se pode visitar a Capela de Anchieta anexo ao Museu; uma interessante loja de souvenirs e, um agradável café.
Nota importante: A biblioteca Padre Antonio Vieira é especializada em história do Brasil e na Companhia de Jesus. Possui mais de seis mil títulos catalogados. Vale a pena conferir.
O lugar recebe turistas do mundo todo. Uma espécie de terraço ao ar livre permite ver uma parte do centro da cidade e da populosa zona leste de São Paulo. Uma cruza comemorativa à visita do Papa João Paulo II destaca-se num canto do lugar.
É difícil imaginar qual era a paisagem que tinha a pequena cidade deste ponto histórico. Certamente o Padre Anchieta jamais teria imaginado que a pequena Vila fundada por ele, se transformaria numa das maiores cidades do planeta.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

EL SUEÑO DE PERSEO



"RIO DE JANEIRO"

La noche anterior se había desatado una tormenta provocando inundaciones en algunos barrios de la ciudad. La mañana siguiente fue diferente. El sol de primavera hizo acto de presencia y antes de las nueve de la mañana ya podía adivinarse que sería un día caluroso.
La ciudad maravillosa se desperezaba lentamente mientras en sus avenidas y playas ya podía verse el movimiento de la gente acudiendo a sus trabajos y oficinas; a hacer caminatas por la costa, andar en bicicleta o correr contra el viento sintiendo la brisa del mar en el rostro mientras los edificios adquirían un tono amarillento proveniente de la luz matutina.
Sin duda era la ciudad más bella del mundo. Aquí podía apreciarse el casamiento perfecto entre la montaña y el mar; el azul del inmenso Atlántico y el verdor de sus florestas.
" A tempranas horas de la mañana el mar adquiría un verdor claro y las olas eran más espumosas. Una joven y guapa mujer de pelo rizado, muy atractiva, elegante, de pelo oscuro, ojos negros como café y bronceada por el sol contemplaba el mar y hacía ejercicios de relajamiento sentada en un banco de piedra de la playa de Copacabana. Después, con una botella de agua en la mano, empezó a caminar por la acera tan famosa conocida como" o calçadão de Burle Marx". Caminó hasta Leblón pasando por la playa de Ipanema. El ritual lo hacía todas las mañanas, excepto si llovía. Adoraba recibir la energía del mar antes de dedicarse a sus tareas cotidianas.
Otro ritual era caminar y perderse por la ciudad. En realidad nunca podría perderse, pues ella misma era la ciudad. Río de Janeiro y Guilhermina eran una sola alma, un sólo corazón"

FRAGMENTO EXTRAÍDO DE "EL SUEÑO DE PERSEO -CAPÍTULO IX "RIO DE JANEIRO"

SAMPA DE MIL ROSTOS


Cruzando o mar
vasto e azul,
atravessando
a imensa muralha verde
da mata atlântica
Emerge imponente,
cinza e opaca
imensa e ameaçadora,
dourada e alegre:
A grandiosa Sampa!

Cidade de mil rostos
e mil esquinas
De mi segredos
e mil fantasias
Solidão e melancolia
misturam-se
em prazerosa harmonia.

Ela nos abraça
Qual mãe amorosa
Ela nos acolhe sorridente
Qual esposa terna
e carinhosa amante.

A nossa Sampa
é sempre potente,
ao mesmo tempo
serena, transparente.

No meio dos arranha-céus
altos como os sonhos
Áreas e lazer, ilusões
mansões sonolentas,
cheias de encanto
e misteriosas recordações

Seus filhos já conhecem
a dureza do dia a dia
Seus visitantes se encantam
com suas luzes de euforia

Sampa, sempre Sampa
Eterna companheira
fastuosa e distante,
borbulhante e sincera.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

REMINISCENCIAS DE AMOR VERDADERO(V)


MUERTE DE LA ILUSIÓN

Cuando el amor cobra forma y cubre toda la realidad de los amantes, no hay lugar para el miedo ni la desesperación. Cuando el sentimiento hacia el ser amado es tan grande, que parece superar todas las barreras del tiempo y del espacio; cuando la alegría de estar con el amado es mayor que la propia vida, entonces los amantes saben muy bien que la realidad de sus vidas parece una eterna ilusión. Una ilusión llena de confort, de paz y pasión ardiente que conlleva todo tipo de comportamiento extraño a lo normal. Cuando fluyen las lágrimas de ansiedad y de nostalgia, cuando sentimos en la boca del estómago una sensación de picazón que nos hace tiritar de emoción. La ilusión del amor verdadero, sin barreras ni problemas, sin luchas ni guerras que vencer, sin trabas de cualquier especie, toma cuenta de la vida de los amantes.
Es en ese momento sublime, cuando los que aman nunca perciben que en un zas, esa ilusión puede verse truncada por los avatares de la propia vida. Es cuando se gesta, sin que nadie lo perciba , una fuerza imponente, devoradora de toda ilusión, de todos los sueños, de todos los placeres, de todos los momentos maravillosos juntos; entonces esa fuerza aparece en el horizonte como una amenaza a la propia existencia del amor verdadero: es la muerte. La muerte real y verdadera que se posiciona en la vida de los amantes y ellos, impotentes, observan cómo se gesta esta fuerza extraordinaria.
Llenos de angustia, esa fuerza les recuerda que la vida no es imperecedera, que es finita, que tiene límites exactos, excepto el amor verdadero que puede, por la suprema voluntad de los amantes, superar la barrera de la muerte y alcanzar la eternidad.
Entonces esa fuerza arrolladora se presenta y cambia ese estado de plenitud y de felicidad. Entonces, el corazón humano se llena de indignación, primero, y de memorias después, y procesa la fantasmagórica realidad con la razón que le es propia, para poder superar la barrera de la mortalidad y la vulnerabilidad y así, vivir de los recuerdos felices, de las memorias más dulces, de las vivencias más sublimes. Con ese bagaje de emociones y de sentimientos, los amantes necesitan sustituir la muerte de aquella ilusión con la grandeza de la esperanza ante el futuro encuentro con el ser amado, en la eternidad, cuando así lo disponga la fuerza increíble de la existencia.

domingo, 1 de janeiro de 2012

APRENDIENDO A VIVIR

Hoy empieza otro año más y estoy aprendiendo a vivir en medio de este báratro de sombras donde alocado el viento brega, que es mi existencia.
El cielo está nublado y todo está en silencio. Ese silencio que me obliga a meditar sobre las profundidades del alma. Hoy es primero de enero y hay un silencio que grita dentro de mí, mientras escucho, a lo lejos, una composición musical en órgano, tocando obras de Amaral Vieira.
A mi lado, un libro de Clarice : “A Paixão segundo G.H.” regalo de navidad de una amiga entrañable y al abrir las primeras hojas, me deparo con un prefacio un tanto singular – como fue la vida de la compleja escritora brasileña – : “Este libro es un libro cualquiera, pero yo me quedaría más complacida si fuera leído apenas por aquellas personas de alma formada”.
Me detuve a pensar si yo tengo el alma formada, y si no la tengo, Dios mío, ¡cuánto tiempo me falta para ello!.
Siento, como hoy en medio de este silencio de un nuevo año, el deseo increíble de encontrar lo que resta del hombre cuando el lenguaje se agota. Esto es lo que mueve mi alma, aunque yo no lo quiera.
En medio del silencio y de las lejanas notas del órgano, mientras contemplo a la ciudad sumida en medio de una tibia llovizna de enero, siento en mi corazón un cierto temblor de aprehensión y ansiedad ante lo desconocido del futuro. Dicen que eso es normal en el hombre, lo anormal es que tengas a cada momento la conciencia de que te está sucediendo.
De todos modos, estoy aprendiendo a vivir con esta vida que tengo y en este tiempo que tengo. Ojalá mi tiempo no sea breve para las cosas que aún pretendo hacer y no sea tan largo para aquellas que uno puede prescindir a su paso por la vida.
Feliz año para todos.

LLUVIA DE ENERO


Gotas de agua
que se pierden en las ramas,
en los árboles, en los pavimentos,
en los rostros llenos de esperanzas
en las quimeras de nuevos veranos.
Lluvia de nieve, lluvia de sueños
de esperanzas y ensueños
Lluvia bendecida,
lluvia enardecida,
de pasiones, de sabores,
de colores, de emociones.
Lluvia de estío,
mágica, transparente, límpida, diáfana
Lluvia del cielo, lluvia de sueños
Lluvia de colores, de melodías
mañaneras, tardías, de mediodías
Gotas de agua,
perenne, misteriosas
Es así como la vida se presenta
en cada verano;
Uno más de nuestros días.
Gotas de agua
que se pierden en la armonía
de cada día.

ENERO


Agua de lluvia
y de esperanzas renovadas
de un nuevo año,
un nuevo verano,
un nuevo sueño.

Aguas que surcan el horizonte
de nuestras vida
Inundándonos de alegría
en nuestro perenne caminar.

Enero,
Renovación,
esperanzas, ilusión.