domingo, 29 de janeiro de 2017

NOCTURNO Y SILENCIO


Y la noche de enero estremece
Com la cálida oscuridad del silencio
Monótono silencio!
Que me obliga a meditar
Sobre el desafio incierto
de mi vida, de mi destino,

de mi perenne caminar.


O ESCRITOR

Levantou o olhar para a distante paisagem Toscana. Viu os ciprestes verdes e elegantes que se moviam lentamente com o vento do outono, como se dançassem uma suave valsa de boas vindas. Além das árvores, também podia apreciar-se uma colina verde e alguns tetos de telhas de cor laranja que brilhavam com o sol da manhã. Tudo parecia calmo e bucólico, do jeito que ele gostava. 
Sentou-se na escrivaninha e abriu o computador. Começou a escrever o seu romance de mistério. A cada teclada, ele ia entrando no maravilhoso mundo da escrita e sua alma enchia-se de alegria e uma indescritível sensação de plenitude. Era um escritor, sem sombra de dúvidas. Tinha descoberto há pouco tempo, mas valeu a pena esperar tanto.
O Tempo –pensou – é um maravilhoso presente que a vida nos dá. Basta estar vivo para ser merecedor de este premio. É um estado de graça que nos permite olhar ao incerto futuro sem medos. E a vida, se formos abençoados, nos oferecerá noites serenas, amor no coração, e paz interior.
Ao completar a primeira pagina, e reler o que estava escrito, percebeu esse mistério e esse milagre. Sua mente tinha elaborado pensamentos profundos e pôde expressar na escrita de forma livre e prazerosa.

IBIRAPUERA : O PARQUE DAS QUATRO ESTAÇÕES - VERÃO (Crônica)

Manhã luminosa no Parque do Ibirapuera. As temperaturas escaldantes deste verão tórrido não ultrapassam as espessuras das altas e formosas arvores que se estendem por e entre os limites deste oásis no meio da metrópole.
No verão o parque adquire uma tonalidade diferente. Talvez isso seja só uma ilusão de ótica devido à luminosidade fortíssima do sol tropical. As trilhas de terra estão mais ressecadas pelo sol, mas as arvores dão um refresco aos corredores e caminhantes que se aventuram pelos seus cantos mil e cheio de mistérios.
Comecei a frequentar o parque há muitos anos, desde que me afinquei em São Paulo e nunca me deixo de surpreender pelo fato de que, a cada ocasião, posso admirar lugares, paisagens e cantos nunca vistos.
Hoje, aconteceu novamente. Correndo em plena manha de dezembro, com um calor ofegante, pela trilha de terra que serpenteia pelo limite do parque, fiquei admirado com novos lugares que, provavelmente já tinha passado, mas nunca me detive a contempla-los. Foi um momento mágico, como são todos os momentos em que passei neste lugar tão querido pelos paulistanos e visitantes. Chamou-me a atenção, a grama verde e os raios do sol por entre as folhagens das arvores; uma avenida coberta de bambus que dava a impressão de uma catedral gótica, e finalmente uma enorme arvore centenária, com certeza pertencente à mata atlântica, testemunha do tempo, testemunha de tantos visitantes que passaram perto dela.
Não pude deixar de meditar sobre essa arvore e sobre o tempo. Ela, sem dúvidas esta ali desde a formação do parque, em 1954, provavelmente foi semente há centenas de anos, e agora, orgulhosa e imponente, representa o passado e o presente no meio de uma cidade que, silenciosa e conturbada, continua seu misterioso percurso no caminho da historia. O tempo parece estar petrificado na árvore, mas isso é só ilusão já que o tempo muda a cada instante. Já estamos no final de mais um ano, e celebramos a passagem do tempo porque somos impotentes para fixa-lo, para molda-lo e para eterniza-lo.
De qualquer forma, esses pensamentos apareceram e voltaram a desaparecer da minha mente sempre inquieta, do meu pensamento sempre profundo e dos limites mais fantásticos da minha consciência. Lembrei-me que hoje é 29 de dezembro e sorri satisfeito ao terminar mais um treino e caminhar por entre essa vegetação que resiste ao mais forte sol tropical de verão.
Sem duvidas, este é o lugar de Sampa que mais sentirei falta quando não estiver mais por aqui.





LA LA LAND OU O PODER DOS SONHOS

“Um brinde aos tolos que sonham, por mais loucos que esses sonhos possam ser”
Ao meio de um descrédito e de descrença sobre os filmes favoritos ao Oscar 2017, assisti ao filme de Damien Chazelle, estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone. A história do músico Sebastian (Gosling) e da aspirante a atriz Mia (Stone) poderia ser mais uma história de romance entre os dois personagens que se conhecem e se apaixonam em Los Angeles.  Mas a natureza do drama de Chazelle, lançado no Festival de Veneza em 31 de agosto de 2016, e nos Estados Unidos no começo de dezembro recebeu críticas positivas que elogiaram o roteiro e a direção de Chazelle, assim como as performances de Gosling e Stone. Já foi uma grata surpresa receber sete prêmios nos Globos de Ouro de 2017, uma previa do Oscar que virá em fevereiro.
Também ouvi algumas criticas negativas ao filme que recebeu nada menos que 14 indicações. Só dois filmes na história de Hollywood receberam este numero de: A Malvada (All about Eve, 1950) e Titanic(1997).  A quantidade de indicações provocaram alguns protestos: Era para tudo isso?, O que tem este filme de tão especial?. Muitos diriam que apesar de achar TITANIC muito comercial, tinha uma superprodução por trás que justificavam todos esses prêmios, mas e LA LA LAND? Por que tantas indicações? É um musical? É um drama romântico? Será que vale tudo isso?
Ao meio de tantos comentários, fui desprovido de qualquer preconceito, e sabem o que aconteceu? Fui surpreendido por um filme que tocou a minha alma de um jeito como fazia tanto tempo não acontecia. Na forma pode ser considerado um musical romântico, mas no conteúdo é muito mais importante: o poder realizador dos sonhos. A trilha sonora é muito boa, a história é contada através dos personagens que tem uma meta em comum: a luta por realizar seus sonhos e alcança-los. Muitos coincidiram comigo que isso é um clichê. Pode até ser. Mas como esse clichê é contado faz toda a diferença.
O filme é uma viagem aos famosos musicais dos clássicos de Hollywood que tanto nos fizeram emocionar. O Romance é desconstruído a cada instante por um roteiro belíssimo que conta uma historia singela mas sincera e humana. Muito humana.
O fato dos atores Ryan Gosling e Emma Stone não sejam necessariamente bons cantores, não importa. O roteiro dá vida a um processo de elaboração da própria vida com a continuada busca dos sonhos.
Numa canção cantada por Stone, ela diz uma frase que traduz todo o filme: “Um brinde aos tolos que sonham, por mais loucos que esses sonhos possam ser”. Eis a ideia central deste drama.
Fiquei contente em ser surpreendido positivamente por Hollywood. Muitos dos que me conhecem sabem da minha admiração pelos grandes Estúdios Cinematográficos Americanos dos anos 40, 50 e 60 e também sabem o meu longo desapontamento e decepção com os filmes atuais da indústria americana. Mas com LA LA LAND, fiquei emocionado. Não acho que seja um filme para ganhar o Oscar, mas ao meio de tantos filmes ruins que competem e que já ganharam a estatueta, ficaria satisfeito se o Oscar de melhor filme 2017 fosse para LA LA LAND.

Como sei que um filme é bom para mim? Como já disse, quando ele me toca a alma de uma forma que não sei como explicar. Este filme fez isso comigo, e adorei.


DE JANEIRO E OUTROS VERÕES

Janeiro
Chuva, trovões
Calor escaldante
Inspiração fulgurante

Tardes de Janeiro
Esperanças renovadas
Frescor de chuva
Emoção nua e crua

Raivoso sol
Luminosidade abrangente
Espaço de desejos
Paixão ardente

Chuva de verão
Águas que lavam a alma
O coração se estremece de alegria

É a vitória perene da vida!

A MULHER DA JANELA

Uma chuva forte de verão caia vertiginosamente na rua por entre os vidros da janela. Seu olhar macio e algo distante manifestava uma certa indiferença ao fenômeno natural. O que mais lhe atraia eram seus pensamentos mais recônditos, mas longínquos, algo que estava alem de sua mente fantasiosa e imaginaria. Sob o olhar de mulher moderna, mas que parecia estar ainda mais alem do seu tempo, Suzana olhou as nuvens escuras e pesadas que jorravam água no asfalto ressecado pelo calor de janeiro. Seus pensamentos estavam longe, muito longe. Tinha tanto o que fazer, tinha tanto o que planejar neste primeiro dia do novo ano. Um ano em que, se tudo dava certo, iria mudar sua vida por completo.
Seus olhos verdes pareciam duas esmeraldas que brilhavam de ansiedade. Apesar do trabalho que a esperava, ela queria contemplar a chuva, sentir o cheiro da chuva molhando a tarde quente de verão. Um leve sorriso quase melancólico parecia expressar  todos os seus anseios mais íntimos e profundos. Era uma mulher que pensava, e isso – diziam alguns homens machistas – era muito perigoso, quase uma catástrofe.
Mas Suzana era uma mulher de fibra e de muita fé. Quando colocava uma coisa na cabeça e tinha convicção que estava certa, ia enfrente sem ter medo das consequências. Isso lhe deu o respeito e a admiração dos amigos mais próximos. Parecia não ter medo, parecia ter o mundo nas mãos, e quanto sentia-se sozinha, ela simplesmente pensava, analisava e sonhava com dias melhores. Tinha um pensamento lógico incrível, um raciocínio inteligente e dinâmico que facilitava muito a elaboração dos projetos de vida.

Um novo país, uma nova vida. O mundo abria-se para ela, e ela não tinha medo. Suzana era, simplesmente, uma mulher de fé e essa fé podia mover montanhas. E ela sabia que o mundo se abria inteiramente para aqueles que não tinham medo de se jogar ao abismo do destino.

OS MISTÉRIOS DA VIDA

Os mistérios da vida:
existem para serem decifrados,
ou existem só por existir?
Nos cabe penetra-los,
com a nossa vã curiosidade,
ou simplesmente os deixamos existir?
Nossa vida seria diferente sem eles
ou eles nos explicariam os mais enigmáticos
atos de nosso viver?
Onde estão os mistérios da vida?
Onde flutuam, onde nascem, onde morrem?
Perguntas e mais perguntas,
da nossa mente inquieta
Vou mergulhar  nesses mistérios
e tentar resolve-los com astúcia
Depois direi se eles são importantes.

Depois direi se valeram a pena!

OS PINHOS DE ROMA

Altos e soberbos
Testemunhas de uma grandeza
Testemunhas da decadência
Testemunhas eternas de Roma.

Frondosos e elegantes
Os Pinhos estão por todos os lados
Referências poderosas da história
Referências eternas de Roma

Os Pinhos de Roma
Permanecem incólumes sobre as pedras duras
E junto com o rio Tibre

Ainda permanecem firmes e duram.