segunda-feira, 27 de abril de 2015

O AMIGO DE TERMÓPILAS (CONTO) PARTE III

Termópilas foi batizado com esse nome devido a guerra, na antiga Grécia que o professor Homero era fã incondicional. O conflito ocorreu no ano 480 a.c.,entre as tropas do Rei Leônidas da Esparta e o Rei Xerxes da Pérsia. Amante da História Antiga, ele balançou entre alguns nomes famosos da história como Napoleão, Nabucodonosor, Hammurabi, Salomão, Leônidas, entre outros. Mas na noite em que o cachorro ficou bom e começou a andar sem mancar, ele estava lendo uma passagem da batalha de Termópilas e olhou para o cachorro e ensaiou o nome. O vira-lata atendeu pelo nome, e assim, o cachorro ficou chamado como Termópilas.
Começava então uma amizade que Homero nunca acreditou que viveria mais. Termópilas não só era um companheiro fiel, era um verdadeiro amigo. Dormia num colchonete felpudo na sala, perto da lareira e todas as manhãs subia as escadas e entrava no quarto do dono para acordá-lo.
- Termópilas, vamos preparar o café da manhã.
A rotina era seguida religiosamente. Depois do café, Termópilas ficava no jardim da casa brincando e correndo atrás de borboletas e pássaros, até a chegada de dona Elvira que lhe preparava o almoço. A empregada chegou a amar o cachorro e sempre que podia, brincava com ele no jardim após terminar as tarefas do dia. As vezes ela levava o cachorro quando ia as compras no açougue, no mercadinho ou até mesmo na frutaria da cidade. Termópilas adorava passear.
Mas sua felicidade era plena quando, exatamente as 17.30, o professor Homero chegava à sua casa. O cachorro pulava no colo do Homero com alegria e depois de um obrigatório cumprimento bem circense, Termópilas sossegava e ficava sentado na sua colchonete observando seu dono.


Uma amizade é capaz de transformar vidas, vidas secas e áridas que estão entretecidas pela chatice, a falta de vontade e a tristeza. A amizade com um cão é a mais desinteressada que existe na face da terra. Ela é pura e, apesar de ser mais unilateral, a necessidade de proporcionar companhia e ternura substitui todo tipo de vã filosofia na tentativa de explicar a origem e a razão da convivência humana.
A amizade entre Homero e Termópilas transformava a vida dos dois. O amigo de Termópilas era nada mais e nada menos que um homem necessitado de carinho e de companhia. O amigo de Homero era um ser totalmente livre de ambiguidades e de razões, só necessitava de companhia, de carinho e de um olhar de cumplicidade.
A vida é feita de luzes e sombras, e as vezes as sombras deixam na alma um rastro de medo, de desequilíbrio, de tensão. O professor Homero voltou pontualmente as 17.30 e Termópilas não saiu para recebe-lo. Ele o chamou por toda a casa, perguntou pros vizinhos, ninguém tinha visto o cachorro. Ele começou a se desesperar. Ligou para a polícia, ligou para dona Elvira. Esta lhe disse que Termópilas estava no quintal da casa quando ela tinha terminado seus afazeres, as quatro da tarde.
Homero começou a passar mal, sentiu o coração quase sair pela boca. Os vizinhos o ajudaram a procurar pelo cão. Nada de Termópilas.
A noite tinha chegado rápido, e ninguém sabia do paradeiro de Termópilas. Ele continuava procurando pelas ruas, pela praça, perguntando a todos os conhecidos, a todos com quem encontrava nas ruas. Nenhuma notícia.
Voltou triste e cabisbaixo para casa. Não dormiu nada. Ligou para o colégio e disse que precisava ter o dia livre para resolver uma urgente questão pessoal. Foi até a Prefeitura e perguntou se a carrocinha não pegou nenhum cão na rua. A negativa foi recebida com certa apreensão. Termópilas, simplesmente fugiu.
Seguiram três dias desesperadores, até que, dona Elvira recebeu a visita de um rapaz que lhe deu informações do cachorro. Ele tinha visto um labrador cor de mel vagando pelo bairro do Gás, bem longe do centro. Dona Elvira ligou para o colégio e contou a boa notícia a Homero. Ele saiu como um raio na hora do almoço. Pegou um taxi e foi até o bairro operário do Gás. Perguntou na padaria, no bar, na quitanda. Nada. Quando já estava prestes a voltar para o colégio, ouviu um latido ao longe. Vinha de uma casa vizinha ao bar da esquina. Correu até lá gritando o nome de Termópilas. Os clientes dos bares saíram para ver o homem que gritava.
Entrou pelo pequeno portão de ferro cor cinza, que estava semiaberto, e viu Termópilas amarrado a uma pequena árvore. A casa parecia abandonada e suja, mas quando o cão o viu, começou a uivar de alegria.
- Termópilas, meu amigo, meu fiel amigo – disse recebendo as lambidas de alegria enquanto o desamarrava.
- O que está acontecendo aqui – disse uma mulher idosa de cabelos brancos e olhos escuros. – quem é o senhor? O que quer aqui?
- Senhora. Ele é o meu cachorro que estava perdido.
- Graças a Deus que o encontrou! - disse a mulher com alivio – ele apareceu faminto há dois dias por aqui e eu o recolhi, mas queria fugir, portanto tive que amarra-lo.
- A senhora é uma santa, obrigado, obrigado
- Tudo bem, leve o bicho logo, estou cansada de tantos latidos.
Homero recuperou o amigo, e a alegria.
A noite, com o cachorro aos seus pés, pensou no pesadelo que viveu nos últimos dias. Percebeu que a existência de Termópilas na sua vida era mais do que um milagre.
Sob o vasto e profundo mistério da vida e das relações humanas, existe um complexo mundo de incertezas, de alegrias, de tristezas, de fortunas e tragédias. Estes são os ingredientes que fazem da vida algo único; atraente e feliz por um lado, ameaçador e triste, por outro.
Dizem que viver a vida é um exercício hercúleo de sabedoria e paciência. Quando me refiro a “viver a vida”, isso inclui todos os seres vivos que, por natureza, vivenciam também como nós humanos, as alegrias e as agruras do “viver”.
O professor Homero de Farias experimentou a dor e o medo de perder o seu amigo Termópilas. O destino fez com que o encontrasse e, apesar do desespero, a vida pareceu voltar ao normal.
Mas tudo que parece ser “normal”, muitas vezes não é. São os desafios, ás vezes inevitáveis que a vida – ou o destino – nos colocam no nosso caminho.

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ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.VII PARTE VII)

As colinas e os vales que circundavam Clermot-Ferrand estavam cobertos de gelo na última semana de dezembro. As temperaturas estavam realmente muito baixas e chegavam até cinco graus abaixo de zero. Na pequena estação, muita gente esperava familiares que chegavam e partiam. No dia 28 de dezembro, Jean e Paul estavam na plataforma esperando por Gerard e sua filha que chegariam no trem das três da tarde.
Pai e filho estavam no meio da plataforma quando viram o trem procedente de Paris aproximar-se da estação. Gerard e Claire, vestidos com sobretudos e casacos de inverno, desceram do trem e foram recebidos com muita hospitalidade.
- Que bom que chegaram, Gerard, meu amigo – disse Jean sorrindo.
- Oi Claire, fez uma boa viagem? – Paul tirou o chapéu para cumprimenta-la
- Sim, obrigada. Como vai Monsieur Du Clermont?
- Muito bem, Claire, fez uma boa viagem?
- Sim, sim, obrigada.
- Vou cuidar das suas malas – disse Paul dirigindo-se ao maleiro que vinha atrás do grupo.
Quando chegaram ao Château Royat, já tinha escurecido por completo, e como no verão passado, Claire viu o castelo no alto da colina, iluminado por tochas. A noite estava estrelada e uma brilhante lua (como também ela tinha visto no verão) iluminava suave a paisagem gélida de dezembro.
Para os Clermont, assim como para a maioria dos franceses, a noite de Ano Novo era celebrado na intimidade da família e amigos, com um jantar bem preparado e com música. No Château Royat não foi diferente, mas o jantar era muito requintado. Jean e Paul, além de Gerard e Claire, tinham convidado mais dois casais de amigos, médicos, colegas de Jean, e sua filha Claudine de 14 anos, e um amigo de Paul, colega da Universidade e que morava na Normandia, Julian, advogado da mesma idade de Paul.
Portanto eram oito convidados para o jantar.
Enquanto se preparava para descer, Claire escrevia uma carta para Margarete contando como tinha sido a viagem em trem, e como ela estava nesse momento. Relembrou o jantar de Natal em sua casa, em que também participaram Joan e o pai e que fora uma noite muito tranquila e em paz. Madame Brigny tinha preparado o jantar com ela e Joan, e a bebida ficara a cargo de Gerard e Monsieur Mantriex.
“A viagem foi tranquila. A paisagem era inquietante, muita neve nos campos e arredores das pequenas cidades. Nas estações de trem, as pessoas estavam vestidas com casacos grossos e gorros de lã. Ah, Margarete, quanto sinto falta da primavera!. Enquanto estou me vestindo para descer para o jantar de final de ano, penso na nossa noite de Natal que foi um sucesso. A vida parece estar voltando aos eixos novamente. Obrigada, querida Margarete, por estar na minha vida e obrigada por ser tão doce, como uma segunda mãe para mim. Feliz ano novo!”
Colocou a carta no envelope e desceu para o salão principal.
Paul estava conversando com Julian, quando viu Claire, vestida de azul claro, com um lindo colar no pescoço e uma pulseira de ouro, presente do seu pai, descendo pela escada principal do salão. Os homens se levantaram para cumprimenta-la. Ela, por primeira vez sentiu-se olhada, admirada e experimentou uma maravilhosa sensação de ser o centro das atenções.
- Claire, você está muito bonita – disse Paul sorrindo – o que quer beber?
- Um vinho, por enquanto. Obrigada.
Gerard Dupont sentiu-se orgulhoso da beleza e elegância da filha. Era evidente que a moça tinha provocado suspiros nos jovens presentes e ele percebeu isso. Mas sua satisfação era muito maior porque via como Paul a seguia com admiração e estava ao seu lado o tempo todo. Sem dúvida, faziam um casal perfeito, pensou.”
O jantar foi maravilhoso. Claire sentou-se ao lado de Paul e enfrente de Julian que a olhava admirado. Nunca vira uma jovem tão bela e exótica. Sua pele era brilhante e perfeita, seu olhar penetrante.
Paul Du Clermont percebeu o interesse de Julian por Claire e não gostou.
Após o jantar, todos se concentraram no salão com taças de champagne e quando chegou a meia noite, todos se cumprimentavam. Paul aproximou-se de Claire e lhe beijou na face. Ela retribuiu com um leve sorriso.
- Feliz Ano Novo Claire
- Feliz Ano Novo.
- Vamos ao terraço assistir os fogos de artificio.
Todos saíram para o grande terraço que dava para a cidade. E viram, extasiados, o festival de fogos de artificio, multicores, que dominava o céu de Clermont-Ferrand. Claire nunca tinha visto algo tão fantástico. Ficou satisfeita com o espetáculo.
- Quer mais um café, Claire? – perguntou Paul.
- Obrigada, vou me deitar logo. – disse ela e despediu-se de todos para subir até o seu quarto.
Já na cama, ouvia de longe o barulho do salão onde os convidados ainda bebiam. Podia ouvir o riso de alguns convidados. Pela janela, a luz prateada da lua do novo ano a transportou para muito longe. Era uma jornada ao passado remoto e longínquo. De repente as imagens de sua infância, dos irmãos, dos pais, dos avôs e de Augusto, invadiam a sua consciência, a imagem de Henri, do seu último e grande amor, também apareceu na sua mente. Sentiu o corpo todo estremecer e não aguentou. Não conseguiu evitar duas grossas lágrimas no seu rosto, depois tudo se transformara em escuridão e pranto. Chorou muito, muito e depois, secou as lágrimas e viu um enorme espelho num canto do quarto. Levantou-se e se olhou nele.
- Nunca, nunca mais vou chorar pelo passado. Vou me aproveitar dele para seguir o meu futuro, mas não vou mais chorar. Eu prometo.
Voltou para a cama e dormiu tranquila.


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ATO GRATUITO (PARTE VIII)

No Ato Gratuito a pessoa não só faz o que entende; faz, inclusive aquilo que não entende, porque é guiada pelo coração, e isso faz com que ela avance no processo realizador e descubra as maravilhas de “ser” humana.
Se continua “sendo” a própria natureza, por isso nunca a pessoa se descobre estranha a todos os fenômenos naturais que acontecem ao seu redor.
Clarice Lispector dizia “vou continuar, é exatamente da minha natureza nunca me sentir ridícula, eu me aventuro sempre, entro em todos os palcos”. Pois bem, no Ato Gratuito se segue a intuição natural de ser livre e parecer ridículo ou ter respeitos humanos são elementos totalmente desconhecidos ou ignorados.  O “ser” que faz o Ato o faz de forma tão natural que nunca tem medo de parecer ridículo. A aventura de viver está presente em todos os momentos, em todos os lugares e assim, a alma sente-se livre para poder voar, realizar sonhos, caminhar por trilhas nunca antes imaginadas. O Ato Gratuito, como Ato de fé, é também um ato de coragem.
Também a esperança está sempre presente no Ato Gratuito. Ela não é a toa; ela vem do fundo da alma e ornamenta o Ato Gratuito, porque esperança é também um Ato de fé na vida. A alma humana está cheia de desejos: desejos de ajudar, de cumprir com seu dever supremo e humano de dar alegria e esperança aos outros.
No Ato Gratuito, a alma está coberta de liberdade, riqueza de envelhecer, riqueza de ser generoso, de não haver espaço para o EU, saber que existe o tempo, as dimensões, espaço dentro de um espaço, instante criado por outro instante, existe a pedra, os sentimentos, o concreto, a força bruta, as ondas do mar. Mas, tudo isso é sublimado pela certeza firme e quase sagrada de que tudo se pode, que tudo se vive ao ponto máximo, que tudo é energia positiva, que tudo é ação.
Depois chega-se a conclusão que existir e tão completamente fora do comum e que a solução para não enlouquecer é amar os outros como a nós mesmos.

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quinta-feira, 23 de abril de 2015

23 DE ABRIL: DÍA DEL IDIOMA CASTELLANO


23 DE ABRIL: DÍA DEL IDIOMA CASTELLANO

Hoy es el día de la lengua castellana y en su homenaje dedico este poema cargado de emotividad a mi lengua materna que acunó mi infancia, que me hizo meditar durante toda mi vida a través de la palabra y la escritura y que continúa siendo el baluarte impenetrable de mis pensamientos.


ODA CASTELLANA

Cómo te quiero,
Dulce y viejo idioma mío!
Nacido en la inmensa planicie
Castellana de mis ensueños

Por ti, el gran Cervantes
te utilizó el pensamiento
y después exhaló sin aliento,
el monumental
“Don Quijote” en el mil seiscientos

Los torvos y rudos
conquistadores te llevaron
con sus ambiciones y ganas,
por todos los rincones y planicies
de las benditas tierras americanas.

Cómo te quiero,
Dulce y viejo idioma mío!
Castellano, hispano
Fuerte, viril,
enamorado.


Eres la más dulce de las lenguas
de los hombres enamorados
Quien conoce las Rimas de Bécquer
siente el corazón arrebatado.

Desde los sonetos de Espronceda
a las cantigas del Rey sabio;
pasando por las coplas de Manrique,
y por el querido Quevedo y Villegas, bien amado.

El azul cielo de Rubén Darío
se confunde con los tiernos versos de Nerva, el Amado
El supremo misterio de Roa Bastos
y la complejidad de Borges, siempre recordado.

Dulces palabras escritas
Por Rosalía de Castro, Gloria Fuertes y Pemán
Magistral Cela, piececitos de Gabriela Mistral
Noches estrelladas de Neruda
Arrebatos sin igual.

Cómo te quiero
Viejo y dulce idioma mío!
Latinidad sin par
Idioma en el que he nacido
y aprendí a cantar.

Bendito idioma de mi niñez,
en el que aprendí a rezar
Me regalaste las palabras
con las que también aprendí a amar.

Cómo te quiero
Viejo y dulce idioma mío!
Arrebatos de felicidad
Por ti mis pensamientos se recubren
y se engalanan de majestad!



segunda-feira, 20 de abril de 2015

O AMIGO DE TERMÓPILAS (CONTO) PARTE II


Assim, Homero chegou a Vassouras para começar imediatamente seu trabalho. O Colégio era bom, a administração excelente e os alunos obedeciam a mais rígida disciplina. Tudo parecia que mudaria na sua vida, mas a solidão que sentia dentro da alma ia crescendo e a tristeza também o que fazia sua cruz muito pesada.
Nas noites de calma e silencio, a leitura dos clássicos era uma panaceia para sua sensível sensação de perda. Adorava Machado de Assis, Eça de Queiroz, os poemas de Drummond e de Fernando Pessoa. Clarice Lispector lhe dava uma explicação ao caos íntimo que vivia. Certa noite sonhou com a escritora que lhe confiava suas angustias e seus medos. Ele sentiu-se então mais compreendido. Ele não era amado e precisava amar para sentir-se vivo, mas por outro lado, não encontrava uma razão na vida para amar. Seu trabalho era monótono mas lhe dava uma certa satisfação; sua vida era vazia e silenciosa como a escuridão de uma noite sem estrelas. Suas ilusões e anseios mais íntimos eram como névoas que impediam-no a ver o futuro. Não conseguia enxergar nada além mais da rotina. Eis o quadro trágico do nosso personagem.
Os horários de trabalho eram religiosamente cumpridos. Entrada as 8 da manhã. Um descanso para o café, das 10 ás 10.30. Mais uma aula até o meio dia. Almoço até as 14hs e depois voltava a dar aulas até ás 17hs. Após o almoço, costumava ler um livro de poemas no jardim do colégio ou alguma leitura interessante na ampla biblioteca do colégio.
Certa vez, ao sair do trabalho, decidiu passar pela farmácia próxima a praça principal para comprar uns analgésicos devido a fortes dores de cabeça. A farmácia Nova Vassouras ficava frente à praça. Ao sair do local, decidiu cruzar o parque e sentou-se num banco solitário perto da estátua de Dom Pedro II. Gostava dessa hora do dia, quando a luz do sol do dia, perdia-se no meio das colinas que circundavam à pequena cidade. Ouviu então um latido esganiçado de um cachorro no meio das plantas do jardim, ao lado do banco em que estava sentado.
Levantou-se e foi ver um pequeno cachorro vira-lata que gemia no meio das plantas. Era pequeno, e tinha uma das pernas sangrando. O cãozinho chorava de dor. Movido por um sentimento de profunda compaixão, ele aproximou-se do cachorrinho, e o levantou no colo. Levou o pequeno cão até a Veterinária ao lado da Farmácia e disse:
- Por favor, acabei de encontrar este cachorro ferido, quero que cuidem suas feridas. A perna está sangrando.
- Tudo bem. Vou chamar o veterinário.
Homero ficou esperando por meia hora. Já anoitecia e perguntou-se o que dona Elvira preparou para o jantar já que estava morrendo de fome. O veterinário apareceu logo depois.
- O cachorro está bem, mas deverá ser cuidado. O senhor é o dono dele?
- Não, eu só o encontrei na praça, no meio das plantas.
- Então vou ter que ligar para a prefeitura para que venham busca-lo. Vão leva-lo para o canil público.
- Canil público? – disse Homero assustado – de jeito nenhum. Eu vou cuidar dele. Vou pagar o tratamento. Não posso deixa-lo num canil.
- Tudo bem.
Pouco depois, o professor saia da Veterinária com o pequeno cachorro marrom de fusinho torto nos braços.
- Fique tranquilo meu amigo, vou cuidar de você.
Lá no céu, as estrelas começavam a brilhar. Assim começou a mudar a vida do solitário professor de história.


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PÃO E POESIA (Poema dedicado a Clarice Lispector)



Que mistérios escondem
o teu olhar intrigante,
olhar fascinante,
de sonhos e ilusões,
profundezas e rebeldia
Clarice: pão e poesia?

Se te dou pão, me pedes ouro
Me deixas às portas abertas
Com teus pensamentos,
para que eu, perdido, me encontre.

O mistério da tua alma
é o mistério que nos arrasa
És uma esfinge que não se decifra
O teu mundo, a tua graça!

Liberta-te, liberta-me,
voando para as profundezas da alma
Com tuas palavras mágicas no meu ouvido:
Acordo colorido!

Que estado de graça
pretendes experimentar,
Para traduzir nos teus escritos
o inatingível barulho das ondas do mar?

Que mistérios ocultas
no teu olhar
Cheio de nostalgia?
Clarice: Pão e poesia.

Apesar do incerto da existência,
produzes palavras submersas,
de melancolia e fantasia,
de filosofia e euforia!

Pois o círculo encerra-se
com amor submergido, excessivo
Habituar-se à felicidade faz parte da vida
É me juraste que ela – a vida – era bonita.

Que mistérios escondes
Clarice: flor de lis no peito
Para me envolver com tuas palavras,
em eterna dicotomia?

Clarice: Pão e poesia!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

EL ORIGEN


Al principio era el pensamiento
Y el pensamiento se originó,
en el vasto y profundo subconsciente
del alma humana.
Y el pensamiento exhaló ,
su primera frase, su primer verbo,
su primera palabra
Y el pensamiento se juntó con el viento
Y juntos hicieron trizas
las dudas de la mente humana.
El pensamiento originado
en el íntimo de lo humano;
es capaz de sojuzgar todas las ideas,
es capaz de dominar las acciones;
de elaborar otros pensamientos,
y de expandir el mundo!
Y el pensamiento quedó grabado
en el fondo de la propia psiquis;
para anunciar que todo lo que se piensa
es capaz de cambiar, incluso la ciencia.
Y el pensamiento se hizo realidad:

Y renació la vida!

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAPÍTULO VII PARTE VI)

Paul apareceu pontualmente na casa dos Dupont aquela noite gélida de outono. Não chovia, mas ventava muito e a sensação de friagem era demais. O jovem chegou com seu chapéu e sobretudo azul que combinava com seus olhos. O jantar estava quase  pronto. Gerard surpreendeu-se com Claire porque ela fez questão de preparar tudo com a ajuda de Joan. Margarete tinha ido a Seine-Port no dia anterior e Claire estava concentrada na loja. Mas nesse dia, Joan e ela saíram às compras e como a amiga cozinhava muito bem, Claire não teve dúvidas de pedir ajuda.
Paul e Gerard estavam tomando vinho quando Claire apareceu de avental vindo da cozinha.
- Olá Paul
- Olá Claire, então você é a cozinheira de novo?- disse sorrindo
- Mais ou menos, tive a ajuda da minha amiga Joan. Ela está batalhando com o forno. Mas fique a vontade, já volto.
- Obrigado.
Naquela noite, Paul se mostrou tão agradável ela que, quando ele foi embora, Joan não teve dúvidas de que o rapaz estava apaixonado pela Claire, mas ela não mencionou nada à amiga. Preferiu guardar suas intuições para si.
A vida tem seus mistérios e passamos a metade da nossa existência sem sequer tentar entende-los. Tudo o que Claire havia passado parecia estar no esquecimento. A moça estudava e trabalhava, aparentemente com normalidade. O nome de Henri Brigny continuava não sendo mencionado, Paul Du Clermont era um grande amigo que sempre mandava cartas, e assim, a vida de Claire Dupont adquiriu um tom mais tranquilo.
Margarete voltou de Seine-Port após quatro dias e percebeu que a loja fora muito bem administrada por Claire e Joan. Ela estava pensando em aumentar o salário de meio período que elas ganhavam. Joan ficou satisfeita, Claire agradeceu, mas para ela tudo isso era indiferente.
Numa tarde escura de quase inverno, quando a cidade já se preparava com as luzes natalinas, Claire conseguiu uma mistura de essências e assim, produziu o seu primeiro perfume. Margarete ficou encantada, Joan exultante, quando chegou o perito em essências para dar o seu parecer. Ele disse à Margarete que nunca tinha visto um perfume tão suave e tão atraente ao mesmo tempo. Claire ouviu satisfeita o seu parecer.
- Mademoiselle, sua criação é excepcional. Seu aroma é suave como uma tarde quente de verão e ao mesmo tempo, forte como o vento, como as aguas de um rio perigoso e tentador. Temos que escolher um nome para ele.
- “L’Essence d’Assise” – disse Claire sem pestanejar para surpresa de Margarete e de Joan.
- Muito bem, então registraremos seu novo perfume. A Perfumaria Brigny acaba de lançar sua primeira fragrância. Parabéns.
Pela primeira vez, Claire conseguiu sorrir. O seu primeiro perfume era dedicado a Saint Assise onde ela foi feliz com Henri.
O natal se aproximava e Claire percebeu que tinha que dar mais atenção ao pai que estava com uma gripe terrível devido aos ventos gelados. Apesar de ainda não ter cinquenta anos, Gerard Dupont trabalhava muito e nunca se cuidava na saúde. Três dias atrás voltava da faculdade quando pegou uma chuva gelada, e claro, tudo isso contribuiu para um forte resfriado que se transformou em gripe. Nesses dias, Claire cuidou do pai, não foi trabalhar na loja e também tinha que estudar para as provas que estavam começando. O mês de dezembro foi o primeiro mês realmente gélido que Claire tinha passado em Paris.
Foi então que, num desses dias frios de dezembro, chegou uma carta de Clermont. Jean e Paul convidavam pai e filha para passar o natal em Royat.
- O que você acha minha filha?
- Não sei, eu estava pensando em passar o natal aqui com Margarete. Você sabe que será o primeiro natal após tudo o que aconteceu e não gostaria de deixa-la sozinha. Ela é forte e tem dado provas de que está superando sua dor, mas nos dois sabemos que isso só pode ser fachada.
- Tem razão minha filha. Margarete precisa de nós, além do mais não gosto de me ausentar de casa nesta época. Tenho ainda muitas provas que corrigir e não universidade temos muitos eventos, mas podemos fazer assim. Que tal se aceitamos o convite para o final do ano?
- Boa ideia. Pra mim, final de ano não significa muita coisa, mas como você disse, Royat é sempre uma boa ideia.
- Escreverei para Jean, hoje mesmo.
Após o jantar, observou a filha estudando, ensimesmada nos livros, e se perguntou se alguma vez ela não pensava na sua vida passada no Brasil. Mas era evidente que ele tinha feito um bom trabalho, pois, ao parecer, Claire tinha esquecido da sua trágica vida e de sua família na longínqua Inajá.


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ATO GRATUITO (PARTE VII)

A humildade é uma condição essencial onde se dá o Ato Gratuito. A humildade é o fundamento de todas as virtudes. O Ato Gratuito é uma manifestação da vontade e da humildade porque, nos momentos em que o realizamos, estamos nos desprendendo de toda soberba pois o único que importa é fazer algo pelo outro. Com humildade, que é própria desse ato, sabemos amar, rejeitamos o egoísmo que é oposto a qualquer conceito de ajudar o próximo. A pessoa egoísta faz de si a medida de todas as coisas, até chegar ao desprezo por tudo que não é dela.  O egoísmo e a soberba são feitas da mesma moeda. O soberbo tende a se apoiar exclusivamente nas suas próprias forças e nos próprios desejos, esquecendo-se de ajudar o outro. A soberba é portanto, a grande inimiga da amizade, da alegria e da verdadeira fortaleza.
O egoísta não sabe amar, e o Ato Gratuito é um ato de amor. O egoísta só procura receber mais do que dá, não sabe ser generoso nem agradecido e sempre espera receber recompensa por tudo o que faz, no fundo uma pessoa egoísta despreza os outros. A soberba é a raiz do egoísmo, e o egoísmo é a primeira manifestação da soberba. O egoísta olha tudo o que pode lhe proporcionar algum benefício, e o soberbo tem a falsa valoração das qualidades próprias e o desejo desordenado de gloria ou fama.
O Ato Gratuito nos dá uma graça especial para viver vigiando, combatendo a soberba e suas várias manifestações como: vaidade, desprezo pelos outros, a falta de agradecimento, já que o egoísta ou soberbo só fala de si e de suas coisas porque no fundo, é o único que lhe interessa.

No Ato Gratuito, não caímos nesse estado porque o que mais a vontade humana quer, é fazer algo pelos outros, ajudar os outros, fazer os outros felizes.

O AMIGO DE TERMÓPILAS (CONTO)

O AMIGO DE TERMÓPILAS

(CONTO)

Um homem calvo de cinquenta e poucos anos, caminhava cabisbaixo pela longa rua que seguia até o Colégio onde era professor de História. Sua vida estava tecido de experiências tristes, de perdas irreparáveis e de uma sensação de vazio. A solidão pode ser um bálsamo e uma gota amarga de decepção na vida, de acorde com sua origem, sua causa e seu desenvolvimento. Ela é fruto de experiências e de genética. Pela experiência de vida, a solidão se cristaliza em atitudes tristes; pelas regras da genética, ela está dentro do sangue da pessoa solitária e aumenta com a passagem dos anos.
O Professor Homero de Farias, tinha nome do grande historiador grego, chamado o Pai da História Ocidental, e fazendo “jus” ao nome do famoso autor de “A Ilíada e da Odisseia”, o professor Homero era um silencioso apreciador de História antiga e de História brasileira. Dava aulas num famoso Colégio religioso da cidade de Vassouras, no interior Fluminense e morava na mesma rua do colégio, a Rua dos Inconfidentes, nro.16.
Sua vida particular era um mistério para todos, mas para ele próprio, sua vida estava entrelaçada por uma tragédia familiar que viveu no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu há mais de meio século. Solteiro por dolorosa experiência, sozinho por dolorosa convicção, nosso amigo professor era um solitário por natureza. Duas vezes por semana, dona Elvira, uma senhora de meia idade, ia até sua casa ajuda-lo nos afazeres domésticos como limpeza, lavagem de roupa, de louça e regava as plantas do pequeno jardim.

O Professor Homero mudou-se para Vassouras logo após a morte da mãe, de uma dolorosa batalha contra o câncer, há cinco anos atrás. Ele cuidava da mãe viúva há mais de trinta anos. Seu pai era um funcionário dos Correios do Estado do Rio de Janeiro e fora atropelado por um ônibus ao sair do trabalho numa terrível tarde chuvosa de verão. Seu único irmão mais novo, fora morto num assalto estúpido na orla de Copacabana enquanto trabalhava como motorista de taxi nos anos noventa. Em fim, uma vida tecida de tragédia e tristeza. Para coroar a cruz de Homero, sua noiva, Amelinha Fortes, bela e escultural professora de Artes do Colégio Pedro II, sucumbiu em menos de um ano a uma leucemia galopante que deixou o nosso personagem a beira da loucura. A doença da mãe lhe deu motivos para viver após a perda do irmão e da noiva, mas depois que dona Genoveva de Farias faleceu, ele não quis ficar um minuto a mais no Rio. Então, lhe ofereceram um cargo de professor em Vassouras e para lá mudou-se com uma pequena mala após vender tudo o que lhe recordasse o passado.

domingo, 5 de abril de 2015

MENSAJE DE PASCUAS 2015



"En verdad ha recucitado el Señor, aleluya. A Él la gloria y el poder por toda la eternidad"

La resurrección gloriosa del Señor es la clave para interpretar toda su vida y el fundamento de nuestra fe. Os deseo, de todo corazón, que la luz de Cristo resucitado ilumine vuestras vidas y la de vuestras familias para que podáis alcanzar el GAUDIUM CUM PACE (La alagría con paz).

FELICES PASCUAS DE RESURRECCIÓN!

MI CRUCIFIJO VACÍO

Pensé que te había perdido
en medio del tumulto de mis cosas
Cosas de rutina,
cosas misteriosas.
Pero al encontrarte, me sorprendí
de tu belleza, de tu hermosura,
de cuanto me habías acompañado
en este largo peregrinaje de mi vida.
Y aquí estás, en mis temblorosas manos
Dulce crucifijo vacío
Perdido en el algún rincón de mi memoria
o de mi corazón frío.
Crucifijo vacío,
Inerte , silencioso
Solitario y sereno
y lleno de amor pleno.
Ya no estarás vacío
pues te llenaré con mi corazón,
con mi caridad y dolor
que te ofreceré por siempre

Oh Cristo mío!

TIEMPO PENITENCIAL


Oh, corazón desgarrado
por la oscuridad del dolor
y del pecado!.
Por qué tiemblan mis manos,
y secan mis ojos de angustia,
al estar lejos de ti, mi Dios?
Oh cuántas vanas esperanzas
he hallado lejos de ti!
Heme aquí, Señor, en medio
de las tinieblas de mis noches,
de mi trajín diario,
de mi personal calvario
Tiempo de penitencia,
Luz del espirito
Fuego de amor hermoso
Esperanza de los justos!
En espera de la redención
Mi alma por ti clama y anhela
Sueña el sueño de la eternidad
Y busca amparo en tu bondad.
El tiempo pascual se avecina
Con su luz salvífica y divina
Mi corazón se yergue ansioso
Para encontrar en tu misericordia,
el eterno reposo.
Oh Luz de salvación
Ven a mi alma y despójala,
de todas las limitaciones impuras
Suaviza con tu bondad mi ansiedad
y nutre mi alma con tu amor, tu luz,

 y tu divina caridad.

ABRIL


MEDITACIÓN Y RENACIMIENTO

Abril de tardes otoñales
Abril de alfombras de hojas secas
Abril de largas horas,
de meditación y espera.
Abril de alegrías
De cánticos y belleza
Es la vida que se reinicia
Entre esperanzas y renacimiento.
Aquí la espera es lenta y suave
Placentera aurora, horas eternas
Allá, la primavera renace
entre colores y quimeras.
Abril de meditación
y renacimiento.
Allá, alegrías y bonanzas
Y en ambos presencia pascual,
de resurrección,
del Dios de la luz.
Abril
Renovación,
esperanzas,
alegrías

y resurrección.