sábado, 28 de fevereiro de 2015

REFLEXÕES DO COTIDIANO

Há um mês atrás, escrevi neste meio que estava “assustado” com a situação – grave e irrisória – em que chegou a Argentina. Eu escrevi naquela ocasião que as instituições argentinas não funcionavam, que o tecido social estava em frangalhos e me perguntava como eles chegaram até esse ponto, e como o povo argentino deixava ser governado por gente espantosa. Bem os comentários ao meu escrito foram positivos e alguns – alarmantes – do tipo: “A gente está chegando lá”.
Pois é. Um mês depois assistimos neste país a um espetáculo de horrores do tipo argentino. O governo federal recentemente empossado perdeu o controle da economia. Acuado por escândalos de corrupção da Petrobrás – para muitos, o maior escândalo de corrupção da era republicana – os inúmeros e desastrosos atos da “senhora Presidente”, cuja popularidade despencou altamente, é de dar medo.
Inflação em alta, crise de energia elétrica e hídrica, recessão no horizonte. O país está atolado na lama e não poderia estar pior. Então faço a pergunta que fiz anteriormente, mas agora com mais medo: como conseguimos chegar até este ponto no nosso destino político social?
Existem dois ditados populares muito famosos que sempre me chamaram a atenção. Um deles é “A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, uma falácia do tamanho do universo. Nunca a voz do povo é a voz de Deus porque o povo se equivoca e muitas vezes, se equivoca feio. O povo é guiado por promessas ridículas de campanha eleitoral, é comprado por migalhas e o voto não poderia ser mais ridicularizado. Embora ele se equivoque – o povo – eu acho que deveria consertar o erro. Vemos protestos em massa na Venezuela, por exemplo, ou na Argentina, dois países em grave crise econômica e social da América Latina. Se o povo acha que foi lesado ou enganado, tem o direito de revoltar-se pelas vias legais estabelecidas na Constituição e tentar mudar o rumo.
O exemplo da Venezuela é alarmante. Onde está a posição do Itamaraty sobre as violações dos direitos humanos e políticos na Venezuela? E os países do Mercosul? Onde estão?. Não existe uma clausula no Tratado do bloco que autoriza a desvincular o país que sai do eixo democrático? Isso não aconteceu com o Paraguai quando o impeachment do Presidente Lugo? O país – membro fundador do Mercosul – foi expulso por ter saído dos canais democráticos ao tirar o Presidente naquele momento. E agora? O que está acontecendo na Venezuela não é motivo para expurga-lo do Mercosul? Então só posso dizer que tem “dois pesos e duas medidas” neste assunto.
O outro ditado famoso é TODO POVO TEM O DIRIGENTE QUE MERECE. Concordo plenamente com esta frase, e ela é consequência da outra anterior. O povo se equivoca, mas reafirmo que “todo povo que erra também tem o direito de consertar o erro”.
Outra questão que me deixa triste e perplexo é como o Ocidente (todos nós) assistimos anestesiados o que acontece na Siria e no Iraque. O massacre diário de cristãos mártires nessa região da terra em pleno século XXI é uma verdadeira vergonha e não fazemos nada. O grande erro das potências ocidentais é achar que o que está longe das nossas fronteiras não nos atinge. Tivemos o exemplo do atentado de Paris e de Copenhagen. Quando acontece dentro de casa, todo o Ocidente faz um escândalo, protesta, líderes se reúnem, os organismos internacionais tem muito a dizer. Quando ocorre longe do nosso ambiente, tudo bem.

Enquanto ouvi que mais uma centena de mulheres e crianças cristãs foram massacrados e quando as hordas bárbaras (porque isso é o que são) do grupo islâmico destruíram valiosos tesouros arqueológicos e históricos no Iraque, aqui, no nosso mundo encantado, uma postagem sobre a cor de um vestido, causou um interesse em toda a mídia internacional. Pode uma coisa dessas? Eu me pergunto: Até onde chegamos?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

EL ARTE DE PERDER

La poesía es un arte extremo de paroxismo y desesperación. A veces ella surge de lo incierto y del vacío del alma, a veces surge de la profunda emoción que  conmueve al elegir una palabra y, a partir de allí, crear un universo de sentimientos, de conceptos, en fin, de vida. El ARTE DE PERDER es un poema nacido de una profunda e inesperada conmoción ocurrida en mi interior. Esa conmoción no tiene razones, no tiene explicación, Es simplemente poesía.

EL ARTE DE PERDER


“El arte de perder
no tiene ningún misterio”
Decía Elizabeth Bishop.
Durante toda mi vida
He ganado mucho
y he perdido tanto.

Perdí ciudades
Y perdí noches de llanto
Perdí países en un auto exilio
Sin saber si era o no para tanto
Perdí vigilias y soledades
Amistades y quebrantos
Perdí una sonrisa maternal
e inúmeros fraternales abrazos

Perdí compañías de amigos
Perdí sus dolores y sus alegrías
Perdí la ocasión de estar a su lado
Perdí sus temores y sus llantos.

Perdí noches de serenidad
Y atardeceres de melancolía
Perdí lugares inhóspitos y fantásticos
Perdí algún trazo de inmortalidad y de rebeldía.

Perdí ilusiones de querer tanto
Y perdí momentos de placer,
de amor eterno,
de encanto!

Toda pérdida
está revestida de tragedia
Toda pérdida es vacía
como una noche sin estrellas.

Perdí inviernos de escarchas
Perdí veranos dorados de playas
Perdí paisajes efímeros
Perdí emociones de algún corazón sincero.

Pero, no he perdido la fe
Que es lo que me hace caminar
Hacia un sendero misterioso,
 hacia un horizonte distante
Entonando primaveras y alegres cantos
A pesar de haber ganado mucho
A pesar de haber perdido tanto!



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

MAÑANA DE FEBRERO


Son casi las ocho de la mañana, y el día parece diferente inaugurando el horario convencional, también llamado de horario invierno. Los rayos del sol de estío de este febrero bendecido, esparcían su luz vital entre las hojas de los árboles del parque Trianón.
Afuera, la cacofonía del tráfico urbano parece desvanecerse ante este ambiente de solaz y tranquilidad.
La mañana se desliza suave. Es un lunes de febrero. Los Carnavales ya son historia, ahora es tempo ordinario de trabajo y proyectos.
Todo tempo tiene sus virtudes, sus incertidumbres y sus bemoles. Tiempo no especial no es tiempo abrumado por el tedio, es un tiempo de posibilidades porque el hombre es un “haz” de posibilidades. La vida transcurre, ora plácida ora tumultuada en medio de planes y desvelos, de esperanzas y emociones, de amores y esperas.
Sentado sólo por cinco minutos en el banco del parque, antes de empezar la jornada de mi vida, disfruto de ella contemplando el sol, los árboles, los transeúntes silenciosos, el respirar de la vegetación abrumadoramente tropical.

Sentado en un banco, puedo contemplar por un lapso el paso de la vida, y “respirar y soñar”, virtudes de quien sabe que la existencia es un milagro y debe ser vivida con garbo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ATO GRATUITO (PARTE VI)

Ato Gratuito tem a ver com generosidade. Como ficamos desprendidos e a caridade, a vontade de ajudar, de fazer alguma coisa pelo outro é tão grande, então damos tudo o que podemos para fazer o outro se sentir bem.
No ato gratuito a alma humana é nua de egoísmo e do querer coisas para si. Uma vez li uma frase que dizia: “Tudo o que não se dá, se perde”. Por tanto, ao exercer o ato gratuito, não só damos o que temos, senão interagimos com o próximo num “crescendo” de generosidade e felicidade plena.
A generosidade de “dar” no ato gratuito é sinônimo de “compartilhar”. Podemos compartilhar conhecimentos e experiências que podem transformar o mundo.
Não conheço a fundo a biografia de dona Zilda Arns Neuman (1934-2010) a médica e sanitarista que com sua experiência e prática diária de médica pediatra em um hospital Materno-Infantil de Curitiba, criou, em 1983, a pedido da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil), a Pastoral da Criança. Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou quase 2 milhões de crianças de famílias pobres em todo o Brasil. Organizando voluntários que levavam solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania, com seu “ato”, ela ajudou a criar condições para que essas comunidades carentes se tornassem protagonistas de sua própria transformação social.
Em 2004 criou outra Pastoral, a da Pessoa Idosa e foi nomeada coordenadora internacional da Pastoral da Criança e participando como representante titular do Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(CDES).
Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe (Haiti) em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país, quando após uma palestra, no dia 12 de janeiro de 2010, para cerca de 15 mil religiosos de Cuba, o país foi atingido por um violento terremoto. A Dra.Zilda foi uma das vítimas da catástrofe.

A generosidade desta mulher era uma das consequências – imprevisíveis – de transformar o mundo.

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.VII PARTE V)

Paul tinha ido jantar com os Dupont e tinha passado muito bem. Fora um jantar, para ele, maravilhoso. A pequena Claire estava simplesmente vestida, mas simplesmente deslumbrante. Havia um certo ar de tristeza no olhar da garota, mas quando sorria, e era muito raro acontecer, parecia que todo o lugar se iluminava.
Foi um jantar entre amigos. Paul sempre fora muito bem recebido por Gerard e por Claire e sempre gostou muito de alternar com eles. Após o jantar, e depois de tomar um delicioso café, ele despediu-se com polidez.
Dias depois, já sentado no seu escritório em Royat e observando a mudança lenta da estação, percebeu que não podia esquecer Claire. Tinha que voltar a vê-la, então, decidiu escrever uma carta à moça dizendo que estaria na cidade novamente e que gostaria de revê-la.

“Eu estarei na cidade por uns dois ou três dias, dentro de uma semana, e gostaria muito de rever você e seu pai. Poderia ser? Antes de ir à Paris, te enviarei um telegrama avisando a data exata. Estou tentando encontrar uma forma de agradecer o maravilhoso jantar da semana passada. Você, além de cozinheira exemplar, é uma eximia anfitriã”.
Despachou a carta e começou a planejar a viagem. Paul du Clermont era um rapaz agradável e brilhante. Tinha uma conversa prazerosa com os que era apresentado e sempre deixava uma boa impressão por onde passava. Alto e elegante, de olhos azuis intensos e um bonito sorriso, o porte aristocrático do rapaz era notável e atraia olhares femininos por onde andava. Já tinha tido algumas namoradas durante o período universitário, mas nunca tinha encontrado alguém especial com quem desejasse ficar estabelecido.
A aparição na sua vida de Claire Dupont o deixara nervoso e ansioso ao mesmo tempo. Mas ele era o suficientemente controlado para deixar transparecer os seus sentimentos e emoções. Na sua classe, a demonstração de sentimentos não era bem visto. Porém, parecia que a filha do melhor amigo do seu pai, o fazia sentir muito apreensivo. Quando ele soube que ela era apaixonada por Henri Brigny, optou por um discreto isolamento. Mas agora, o destino dava uma reviravolta. Henri estava morto, um lamentável acidente, e Paul sentia que tinha mais esperanças em conquistar o coração de Claire.
Apesar de voltar lentamente à vida normal, Claire nunca recuperou a alegria. Durante dias, durante semanas, ela voltara a estudar com afinco, dedicava-se ao trabalho na loja de Madame Brigny e não voltara mais a falar sobre Henri. Aliás o nome do amado ficou no coração e na mente, nunca era pronunciado. Margarete e Joan não tocavam no assunto porque perceberam que ela ainda não estava pronta. De qualquer forma, Gerard respirou aliviado ao ver sua filha estudando todos os dias e trabalhando. Pelo menos, pensou ele, ela está se distraindo e isso vai ajudá-la a sair da depressão. Mas, talvez a pessoa que mais a observada era Margarete, que desde que prometeu ao Gerard que estaria ao lado da filha, nunca mais a abandonou. Estava sempre com ela, comiam juntas, trabalhavam juntas e parecia que Margarete, apesar da perda irreparável que sofreu, era muito mais forte que todos. Claire percebeu muito depressa que, sem a ajuda de Madame Brigny, sua vida seria um inferno. Ela não só agradeceu mas também fez de tudo para ficar ao lado da mãe de Henri. As duas pareciam depender uma da outra.
Com o passar do tempo, Margarete percebeu que uma dura capa parecia cobrir a alma de Claire. A menina não sorria, e tinha um olhar duro, uma vontade impenetrável, um desejo oculto, um mistério indecifrável.
- Claire, não teve mais notícias do seu amigo Paul? – perguntou Joan à amiga na loja.
- Bem, desde a última vez que ele foi almoçar em casa, já fazem duas semanas, recebi uma carta dele dizendo que estaria na cidade por estes dias e que queria me visitar.
- Hum.... ele é tão bonito – disse Joan com um suspiro.
- Ele é um bom amigo. Me convidou para passar uns dias em Clermont- Ferrand, mas eu não aceitei.
- E, por que não? – perguntou Madame Brigny. – Que eu saiba quando você foi me disse que o lugar era muito bonito.
- Sim, foi no verão, antes de tudo acontecer – depois ficou em silencio -, mas agora não tem mais graça.
- Ah, boba, se eu fosse você aceitaria sim, uns dias te faria sentir muito melhor.
- É bom mudar de ares, de vez em quando. Eu preciso ir a Saint Assise resolver alguns problemas com os caseiros, e quero ir antes de que as primeiras nevascas cheguem.
Ao ouvir a palavra Saint Assise, Claire sentiu que o seu sangue gelava. Não disse uma só palavra, continuou trabalhando nas misturas das ervas aromáticas como se nada tivesse acontecido.
- Claire, na próxima semana vou ter que ir para o campo por uns dias. Você ficaria na loja pra mim?
- Claro, sem problemas. Joan e eu vamos ficar bem.
- Ótimo – disse com um sorriso.
O silencio permaneceu por uns minutos. Só foi quebrado quando um cliente entrou na loja.

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CUARESMA: TIEMPO DE MEDITACIÓN


Empieza un nuevo tiempo de meditación, una nueva cuaresma en nuestras vidas. Es también un tiempo en que, a través de nuestra comunicación intrínseca con Dios, podemos pensar sobre nuestra vulnerabilidad y nuestra inmortalidad.
Es tiempo de preparación. Preparación del espíritu para la gran fiesta de la Pascua de Cristo, que una vez más llegará en nuestra vida con su caudal de gracias y bendiciones imperecederas.
En este tiempo, recordamos que estamos sólo de viaje en este mundo. Somos viajeros del tiempo y por ende, debemos tener conciencia de que, nuestro paso por la tierra es limitado y temporal. Lo que nos espera, es la eternidad y eso es lo único que debe importarnos realmente.
Recordamos también que somos “polvo y en polvo nos convertiremos”, lo único que debemos anidar en el corazón es el amor; un amor incondicional al Señor y por ende, a todos nuestros semejantes.
El amor es lo único que sobrepasa nuestra mortalidad y nos hace inmortales. El amor es la bendición más grande que podemos alcanzar si lo sentimos realmente. A través de él, somos imagen y semejanza de Dios que nos creó porque realmente nos ama y porque somos sus criaturas más excelsas.
Cuaresma es también tiempo de perdón y de penitencia. Tiempo de oración y mortificación. Tiempo de meditar sobre los profundos valores que tenemos y los que queremos alcanzar para ser mejores cristianos.
Que el Señor nos dé en este tiempo, la fuerza necesaria para cambiar lo que necesitamos cambiar, para dejar de lado, como vestimenta ajada, todo aquello que estorba, que no sirve, que nos limita, que impide nuestra elevación espiritual. Que nos libre del estado de tibieza espiritual, tan nociva a nuestra alma de hijos de Dios.

Tiempo de continuar por este largo sendero de esperas y esperanzas. Al final, si tenemos fe, triunfaremos en Cristo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

BIRDMAN OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORANCIA



Outro filme indicado pela Academia para o prêmio OSCAR de melhor filme. BIRDMAN, de Alejandro González Iñárritu (21 GRAMAS, BABEL entre outros), e protagonizado por Michael Keaton, Naomi Watts, Edward Norton, Emma Stone. Conta a história de Riggan Thompson (Keaton), um astro de cinema que fez sucesso nos filmes de história em quadrinhos como o Homem Pássaro (Birdman) e agora pretende produzir e dirigir uma peça de teatro na Broadway.
Os meandros da direção e produção e o estresse que isso gera numa peça de teatro são bem apresentados no filme, sem contar com a própria história de Riggan que é a história do filme. Seu envolvimento com os atores, com seu agente, com o público e a crítica dão uma ideia do universo de montar uma peça nos palcos de Nova Iorque. Tudo isso é muito interessante, mas não passa disso. Não é um filme para ganhar o Oscar 2015, apesar de saber que o filme ganhou muitos prêmios por todos os lados.
Que a premiação da Academia de Hollywood está passando por uma crise de bons filmes não é novidade para ninguém. Como cinéfilo, sempre achei que Hollywood vem tendo um declínio no século XXI.
Após a última década do século XX, às produções do cinema norte-americano são pífios – salvo algumas exceções – e vem perdendo em qualidade para às produções independentes e filmes de arte europeus, asiáticos e até mesmo latino-americanos.

Símbolo dos tempos. Não deixo de me sentir um pouco melancólico com tudo isso, mas enquanto a sétima arte existir, sempre haverá um bom filme, aquele especial, que vai mexer com minha emoção e minha alma, e o fato de que Hollywood produza muito pouco esse tipo de filmes, é só mero detalhe.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

CRÔNICA DE CARNAVAL

O que é fantasia e o que é realidade? Esta pergunta cobra imenso significado durante a festa popular mais famosa do mundo: O Carnaval. Teatro a céu aberto, alegria do povo brasileiro que durante quatro dias ou talvez mais, tudo para e a alegria, a dança, a fantasia adquirem um significado muito especial para nacionais e estrangeiros.
Para os brasileiros, é a festa popular onde a fantasia se traduz em alegorias, sambas, pulando de norte a sul. Desde o Nordeste ao Centro Oeste, desde Norte ao Sudeste e do sul, cada região promove diferentes tipos de danças e apresentações. Mas, sem dúvidas, o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí (Sambódromo do Rio de Janeiro) é o maior espetáculo da terra.
Blocos de rua, trios elétricos que, durante horas e dias são seguidos de foliões alegres e felizes, desfiles, festas e muito mais, animam a todos, até os que preferem se isolar desta  ”muvuca” generalizada.
O bloco mais tradicional do Rio: o Cordão da Bola Preta reúne mais de dois milhões de pessoas, assim como o Bloco de Ipanema, que animam muito ao povo que participa.
Todas as cidades do país, tem blocos de rua onde a participação é geral. As marchinhas de Carnaval, clássicas e inesquecíveis são escutadas por todos os cantos: “Mamãe eu quero”, “Alah laooo, mais que calor”, “Cidade Maravilhosa”, “Se você fosse sincera Aurora”, “Máscara Negra”, “Abre Alas” , entre outros.
A ilusão que sempre está presente na alma humana continua num crescente de alegria e harmonia, de samba e euforia, de vibração, prazer e euforia, de sonhos, de músicas, de folia, começa na sexta feira para terminar na Quarta-Feira de Cinzas.

Então a cortina do palco se fecha, o espetáculo acaba, mas para os que ficam atentos, já começa o trabalho para preparar o próximo Carnaval. Tudo flui, como na vida.

PEQUENO DICIONARIO INTIMO




CARNAVAL


Alegria. Festa da fantasia. Sensação de euforia, música, dança, vibração e harmonia.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP. VII PARTE IV)

Paul du Clermont saiu até o terraço de sua casa e contemplou o horizonte nesse entardecer de outono. A paisagem amarela e feérica trouxe à sua mente a pequena Claire Dupont. Durante todo o dia, não deixou de pensar nela. Claire era uma moça encantadora. Quando no café da manhã seu pai lhe contou tudo o que acontecera com a filha de Gerard Dupont, Paul escutou com atenção, depois sentiu uma profunda compaixão. A partir dali, pensou em como ajudá-la a se recuperar e sair desse momento tão duro e difícil.
Antes do jantar, enquanto esperava o pai, ele via como a paisagem do outono em Clermont-Ferrand proporcionava um ambiente bucólico e melancólico. As folhas amarelas cobriam as arvores perto das montanhas, na cidade, as luzes iluminavam a tarde, quase noite. Enquanto meditava sobre o assunto, chegou a conclusão de que iria a Paris falar com a Claire. Era hora de prestar o seu apoio, seu ombro amigo. A final de contas, o que ele significava para ela senão um bom amigo. Um bom amigo. As palavras brotavam na sua mente mas com um gosto meio amargo. Ele desejava ser mais do que um amigo para ela. Ele percebeu que a pequena Claire era objeto do seu desejo mais puro, do seu amor.
Mas, por enquanto – pensou enquanto via o pai chegar – vou ser o amigo que ela precisa. Quem sabe um dia.
Durante o jantar, falou dos seus planos para o pai.
- Amanhã vou para Paris. Vou visitar Claire Dupont.
- Ah e? Isso é muito bom – disse Jean bebendo uma taça de vinho – pelo que soube dela, está num estado de tristeza lamentável. Não é para menos. Pobre garota.
- Eu não sabia que ela estava namorando aquele rapaz
- O relacionamento começou no verão, um amor de verão. Bem, pelo menos, não durou. O único que lamentamos é que tenha acabado desse jeito. Gerard me escreveu dizendo que estava muito preocupado pela filha.
- Sim, por isso queria visita-la e ver em que poderia ser útil.
- Faz bem, meu filho, é o correto. Vá ver o que pode fazer por ela.

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Nos dias seguintes, a chuva parou de cair sobre a cidade, mas as baixas temperaturas continuaram nesse outono estranho e melancólico, assim como os dias cinzentos e nublados. No apartamento dos Dupont, Claire decidiu voltar as aulas na próxima semana. Durante alguns dias, Joan a ajudava com as lições. Na sala, Madame Brigny trabalhava nos aromas e Claire a ajudava. A moça decidiu também ir até a loja e continuar o trabalho. Isso foi um milagre, especialmente com a ajuda de Margarete que, como prometera, não deixou de apoiar à moça.
Quando as duas caminharam pela Boulevard St Michel, em direção à escola, Claire olhou para o rio Sena e a ponte. De longe, podia ver-se as torres de Notre Dame. De repente, Claire pediu a Joan que a acompanhasse até a ponte. Queria ver o rio. Desde a morte de Henri era a primeira vez que Claire, emergindo do seu sofrimento, confrontava-se com as memorias tristes.
Caminharam uns metros e ali estava o rio Sena. Silencioso e com correnteza suave que, em nada lembrava um rio perigoso. Mas para Claire, o rio representava tudo aquilo de mal tinha acontecido na sua vida.
Olhou seriamente do alto da ponte. Duas lágrimas brotaram dos seus olhos negros. Suspirou profundo e disse com voz aterradora, quase afogada:
- O que é que você esconde, maldito rio?
Deram meia volta em direção a escola. Joan ficou calada.
Claire ajudava Margarete escrevendo informações sobre perfumes quando ouviu a campainha da porta principal. Foi atender. Era a primeira vez em duas semanas que tendia à porta.
Paul du Clermont estava diante dela. Com um sobretudo azul e chapéu elegante. Os olhos brilhantes de alegria a deixaram um pouco perturbada.
- Olá Claire, vim te visitar. Posso entrar?
- Paul!..claro, entra – disse meio encabulada.
O rapaz entrou e percebeu que Claire estava com alguém. Uma senhora de meia idade, de óculos, levantou o olhar e sorriu.
- Bom dia..
- Bom dia Madame.
- Ela, ela é Madame Margarete Brigny. Estamos trabalhando com algumas informações sobre ervas aromáticas.
- Prazer, Madame – disse Paul cumprimentando Margarete com um aceno.
- O prazer é meu. Aceita um café?
- Obrigado.
- Vou preparar na cozinha. Já volto Claire.
- Obrigado, Madame Brigny – disse Claire convidando Paul a se sentar.
- Então, como você está Claire? Eu soube pelo meu pai tudo o que aconteceu e vim saber se você precisa de alguma coisa, qualquer coisa.
- Estou melhor. Obrigada. Obrigada por se preocupar. Obrigado pela visita.
- Não precisa agradecer Claire, eu só vim ver você e saber se precisa de algo. Somos amigos, e neste momento, os amigos são de grande utilidade.
- Sim, é verdade. Como vai o seu pai?
- Está bem.
- Você vai ficar muito tempo na cidade?
- Sim, dois dias. Preciso resolver algumas questões de negócios, como sempre. Mas também vim para te oferecer minha casa, caso você queira sair da cidade. Você pode ficar lá o tempo que quiser.
- Obrigado Paul – nesse momento entrou Madame Brigny com uma bandeja de café e biscoitos.
- Café para os dois.
- Obrigado Madame. – disse Paul. – muito gentil.
- Não agradeça, não é nada. Claire, vou verificar o que temos para o almoço. Estarei na cozinha.
- Obrigada. Na verdade, agradeço o seu convite Paul, porém agora será um pouco difícil. Na segunda feira recomeço minhas aulas na escola. Perdi quase três semanas e senão fosse a minha amiga Joan Montreaux, estaria perdida. Devo recuperar o tempo perdido. Mas agradeço, de verdade, o seu convite, é uma oferta tentadora. Guardo lembranças lindas de Royat.
- Bem – disse terminando o café – minha oferta estará sempre de pé e o meu pai também envia o convite e lembranças.
- Obrigada mais uma vez Paul. Diga a Monsieur Clermont que agradeço muito e que pensarei com carinho sobre isso.
- Posso te ver amanhã, antes de partir?
- Claro, a que horas sai o seu trem?
- As quatro da tarde.
- Então venha almoçar com a gente. Papai estará aqui e ele vai ficar feliz em te ver,
- Combinado.
- Estarei te esperando. Obrigada.
Paul ficou se levantou e deu-lhe um beijo no rosto e, acenando para Madame Brigny que apareceu na porta da cozinha, saiu pela porta da sala.


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ATO GRATUITO (PARTE V)

A vontade também fica aguçada ao conseguirmos fazer um ato gratuito. O pensamento de que um projeto nascido no coração sempre vai dar certo se perseveramos nele com afinco e com amor, nos faz sorrir e dar ao desafio uma sensação poderosa de firmeza e de esperança.
Vi na televisão a história de uma mulher jovem que, aos 19 anos foi diagnosticada com uma anemia muito rara. Esta mulher passou por muitos médicos e nenhum deles conseguiu dar um diagnóstico sério e certeiro. A jovem começou a sentir que seus músculos da perna iam perdendo a força e teve que usar cadeira de rodas. A sua via sacra particular tinha começado. Mas ela não desistiu de procurar uma cura. Foi a todos os médicos que lhe recomendavam até que, finalmente, encontrou um médico certo. Ele descobrira que ela tinha uma doença muito rara no sangue, e começou a trata-la durante cinco anos. Ela voltou a andar aos poucos, com o bom tratamento e com muita fisioterapia.
Enquanto estava no hospital, costumava ver a “Corrida dos Reis” que tinha lugar em Cuiabá, a cidade de onde ela vinha. E vendo todos esses atletas, profissionais e amadores, ela sentiu no coração uma vontade imensa de correr como todos eles. Disse a si mesma que ia se curar e que um dia correria essa corrida. Ela tinha ficado tão grata ao médico pela sua cura, anos depois, que prometeu a ele que, ao completar a corrida de 10km ela voltaria até o médico e lhe entregaria de presente a medalha da competição.

A mulher treinou lentamente durante anos até que conseguiu correr e cumpriu a promessa que tinha feito ao seu médico. Lhe entregou a medalha de participação da corrida. Ela teve um ato gratuito na sua vida. Desse ato, surgiu uma vontade imensa de completar a prova de sua vida, e junto com a vontade, veio a gratidão e a generosidade, aliás, uma das muitas consequências desse ato.

CHUVA DE VERÃO


Arrasta com força
Porque é a natureza
Molha, encharca, tritura
Vira água que limpa
E lama que escorre.

Eis que chega intempestiva
Fulmina,
Leva com a correnteza
Nossas eternas dúvidas

Eis a chuva de verão
Tremeluzente, fugitiva
Eis a vida que alucina
Água que dá vida!

Chuva de verão,  água de esplendor
Barre,  limpa, dissemina
Esperanças e muito amor,

Ilusões e laços de ternura.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ALMA, A FILHA DO DESTINO (CAP.VII PARTE III)

De repente ela se encontrou correndo, livre e solta por um campo cheio de flores. O lugar lhe proporcionava uma liberdade tal que ela nunca vira antes. Sentiu-se plena de alegria e satisfação. O campo florido estava rodeado de montanhas altas, muito altas, cujos cumes estavam cobertos de neve. Uma brisa suave de primavera lhe beijou o rosto. Ela fechou os olhos com uma sensação incrível de felicidade. Era mais do que um sonho, era uma espécie de realidade virtual repleta de contentamento.
Ao abrir os olhos, viu uma figura alta e magra se aproximando. Era difícil reconhecer, mas percebeu que era um rapaz. Em nenhum momento sentiu-se ameaçada, ao contrário, sentiu-se protegida.
Ela esperou esse intrigante visitante que parecia dar ainda mais cor a esse ambiente tão agradável. Quando ele chegou muito perto dela, ela percebeu que era Henri. O querido e amado Henri.
- Henri! – gritou ela e correu ao seu encontro. Se jogou nos braços dele. Não poderia ser mais feliz.
- Claire, Claire mom amour! Por que você está tão triste pequena Claire?
- Triste?, Eu estou feliz...
- Não Claire, isto aqui é apenas uma ilusão. Vim falar com você. Você precisa voltar à sua vida, ao seus projetos, seus planos, seus desejos...
- Mas, eu estou bem
- Não Claire, você sabe que não está. Tem uma visita pra você, atenda-a por favor, vai ser de grande ajuda para você.
- Mas, Henri – ele tinha desaparecido diante dela – Henri....Henri – ela gritou quando viu que tudo escurecia ao seu redor. De repente as montanhas ficaram ameaçadoras e parecia que iam cair sobre ela. Uma tempestade se aproximava. O campo de flores desapareceu e deu lugar a um lugar tenebroso, cheio de pavor e medo. Ela começou a ouvir um barulho estranho, como um rufar de tambores que vinha de longe mas que se aproximava cada vez mais.
Ela começou a correr mas o barulho parecia querer domina-la. Quando acordou assustada e ofegante e ouviu alguém tocar na porta.
- Claire, Claire?
- Sim...pode entrar – disse arrumando o cabelo e tentando secar o suor do rosto com o lençol.
- Minha pequena Claire – Madame Brigny abraçou a moça com carinho.
- Madame Brigny, eu, eu....- disse e prorrompeu em prantos.
- Chora minha menina, chora.....não se preocupe, vim cuidar de você....você vai voltar à realidade....já é hora minha filha...
Claire, então lembrou do sonho que tinha tido com Henri e compreendeu que Margarete era a visita que ele tinha falado. Percebeu que Henri queria que ela recuperasse o gosto pela vida, que seguisse o seu próprio rumo e que tentasse ser feliz.
- Obrigado por ter vindo – disse Claire abraçando Madame Brigny com carinho e tranquilidade.
O paroxismo da dor já estava passando.

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ATO GRATUITO (PARTE IV)

Um ato gratuito é também um ato de fé e de caridade. Na Epístola de São Paulo aos Corintos, no novo testamento da Bíblia, ele fala de caridade como sinónimo de amor. Nas traduções inglesas, a passagem é traduzida como amor, uma das três virtudes teologais, e segundo o apóstolo, a mais importante, a mais sublime.
Na carta aos Corintos, São Paulo define exatamente o que é a caridade – ou o amor- quando diz que a caridade “é magnânima, não tem inveja, não busca o mal, não se envaidece, não se alegra na injustiça, mas sim na verdade, ela perdoa tudo, acredita tudo, tudo espera e tudo tolera. Ele (o amor) jamais desaparecerá, porque se eu não tivesse ou sentisse caridade, não sou ninguém, de nada me serve”. Por tanto, um ato gratuito é um ato de caridade. É aquela virtude que está por encima das outras. Ao exercermos um “ato gratuito ou de amor” nada mais importa porque ele nos transcende, nos eleva, nos deixa magnânimos, e nada mais importa. Tudo o que somos e pensamos transcende através desse ato como algo quase divino e tão humano ao mesmo tempo.
O Ato gratuito é também um estado de graça, humano e reconhecível como tal, ele é totalmente real porque é comum, apesar de nos dar a sensação de algo imensamente espiritual. É como se a energia do nosso corpo exala uma espécie de resplender espiritual que aguça nosso coração e todos nossos sentidos. Quando o sentimos, já não importa a aridez da nossa vida, nossas preocupações, nossas limitações. Um ato gratuito nos dá uma ilimitada sensação de bem estar e de felicidade.
Já disse que um ato gratuito tem causas desconhecidas e consequências inimagináveis e improváveis. Uma delas é a sensação de bem estar, como já tinha repetido anteriormente, a outra é uma espécie de candura da alma e do corpo. Ri-se a vontade, pensa-se a vontade e com mais prazer, estabelece-se metas antes inimagináveis e, as vezes, surpreende-se com a força, o dinamismo, a atividade que fazemos para cumprir com nossos projetos ou sonhos. No ato gratuito, os sonhos não são fantasias irrealizáveis. São projetos de vida, projetos de salvação pessoas. Quando somos capazes – e percebemos – que fazemos e vivemos um ato desses, nossas limitações desaparecem e somos “quase poderosos” em levar adiante qualquer desejo. Isto é maravilhoso.

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domingo, 1 de fevereiro de 2015

PEQUENO DICIONÁRIO ÍNTIMO


RESILIÊNCIA

E de repente, como quem não quer nada, apareceu na minha frente, num mural, esta palavra: RESILIÊNCIA. Como palavra nova no meu vocabulário, fui pesquisar o seu significado e achei muito interessante. RESILIÊNCIA é a capacidade do ser humano de lidar ou enfrentar os problemas, os choques, as pressões, o estresse sem ter surtos psicológicos.
Então é a capacidade de saber “matar um leão por dia” como diz a sabedoria popular, e sair vitorioso na luta pela vida.

Palavra muito impressionante que me ajuda a meditar sobre ela.

FEBRERO


Febrero de estío
y renovación.
Empezar una y otra vez
nuestro lento caminar.

Dice el poeta:
“el algún sitio cualquiera,
acuérdate que te espero
puedes venir cuando quieras
como la lluvia en febrero”

Puedes venir con los rayos
fulgurantes del sol de verano
Puedes despertarme
con tus suaves amaneceres

Puedes saborear el dulzor
y la calma de tus noches,
noches iluminadas de estrellas
Puedes enamorarte y celebrar
el eterno renacer del amor.

Puedes venir con tus cálidas tardes
cuando la palidez de tus días,
aumenta tu candor
Puedes venir con tus fuertes lluvias
Puedes traer emoción.

Febrero de estío
y renovación,
Suave murmullo de esperanza
en tu corazón.