Sempre fui falante, um
falante irremediável, um devoto das palavras e de todos os tons com que posso
passar com elas.
As palavras sempre fluíram
da minha boca como cataratas de água, como deslizamentos de montanhas, como temporais
tropicais.
Certamente este aspecto
da minha personalidade tem me custado alguns inconvenientes desde a minha
primeira infância.
Quando tinha oito anos, a
minha professora de escola disse à minha mãe que eu “era um aluno inteligente,
mas que falava muito em classe”. A consequência disso foi um castigo de um mês sem
ir ao cinema. Como o cinema era a minha paixão, a punição era, sem dúvidas,
horrível.
Mas, ao me tornar adulto
descobri o poder mágico do silencio. Aquele silencio que nos permite vasculhar
o nosso interior através de uma profunda analise e perspectiva de tudo o que me
rodeia.
A prática da meditação me
ajudou muito a me manter em silencio, e apesar de ter alcançado muito progresso,
ainda tenho muito caminho a trilhar.
Para mim é uma tarefa quase
hercúlea me manter calado, especialmente quando tenho certeza de que estou com
a razão e numa discussão, às vezes, preciso ficar em silencio e me manter frio.
É um exercício e tanto.
Há momentos em que sou interrompido numa conversa e devo ficar em silencio.
Quando estou feliz e
quando todos os meus planos correm pelo trilho do sucesso, devo me manter em
silencio. Quando sofro, quando choro, quando me sinto impotente, respiro fundo
e me mantenho em silencio. É muito difícil, mas é necessário.
Com o silencio nos
conhecemos melhor através de uma viagem interessante ao nosso profundo “Eu”
interior.
Com o silencio nos
conectamos com o divino e escutamos, das profundezas da nossa consciência qual
é o melhor caminho por percorrer na longa estrada da vida.
O silencio, também é o
grito mais impressionante da alma.
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