terça-feira, 16 de julho de 2024

O SILENCIO

 

Sempre fui falante, um falante irremediável, um devoto das palavras e de todos os tons com que posso passar com elas.

As palavras sempre fluíram da minha boca como cataratas de água, como deslizamentos de montanhas, como temporais tropicais.

Certamente este aspecto da minha personalidade tem me custado alguns inconvenientes desde a minha primeira infância.

Quando tinha oito anos, a minha professora de escola disse à minha mãe que eu “era um aluno inteligente, mas que falava muito em classe”. A consequência disso foi um castigo de um mês sem ir ao cinema. Como o cinema era a minha paixão, a punição era, sem dúvidas, horrível.

Mas, ao me tornar adulto descobri o poder mágico do silencio. Aquele silencio que nos permite vasculhar o nosso interior através de uma profunda analise e perspectiva de tudo o que me rodeia.

A prática da meditação me ajudou muito a me manter em silencio, e apesar de ter alcançado muito progresso, ainda tenho muito caminho a trilhar.

Para mim é uma tarefa quase hercúlea me manter calado, especialmente quando tenho certeza de que estou com a razão e numa discussão, às vezes, preciso ficar em silencio e me manter frio.

É um exercício e tanto. Há momentos em que sou interrompido numa conversa e devo ficar em silencio.

Quando estou feliz e quando todos os meus planos correm pelo trilho do sucesso, devo me manter em silencio. Quando sofro, quando choro, quando me sinto impotente, respiro fundo e me mantenho em silencio. É muito difícil, mas é necessário.

Com o silencio nos conhecemos melhor através de uma viagem interessante ao nosso profundo “Eu” interior.

Com o silencio nos conectamos com o divino e escutamos, das profundezas da nossa consciência qual é o melhor caminho por percorrer na longa estrada da vida.

O silencio, também é o grito mais impressionante da alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário