segunda-feira, 10 de julho de 2023

 

RAZÃO DE VIVER (I)

 

 

E como num milagre de viver, acordei esta manhã com uma frase na mente: Razão de Viver.

Confesso que é a primeira vez na vida que, primeiro aparece o título de algo que devo escrever e do qual não faço nenhuma ideia. Mas, vamos lá. Não deve ser muito difícil, complexo sim, como o próprio título já diz, mas não impossível, e ultimamente tenho uma sobrecarga de coragem para escrever tudo o que me vem na mente.

Com o primeiro respiro, como numa meditação transcendental, penso no SILENCIO que me rodeia. Ah, percebi que sou amante da solidão e do silencio. Eu amo estar com as pessoas queridas, minha família, meus amigos, mas, ah, como privar-me das delícias da solidão e o silencio. Uma vez escrevi que “o silêncio era o meu grito de paz interior” e ainda penso que é uma arma poderosíssima para poder estabelecer aquelas estruturas de pensamento, ideias e projetos de vida. O silencio é o vazio, é o oposto à melodia, ao ruido da natureza que nos leva a agitação e a vibração de viver. Quando estamos em silencio estamos, de certa forma saboreando os mistérios da morte. Não da morte física como a conhecemos a muitas vezes a tememos, mas da morte dos nossos fantasmas, daquelas imagens que se formaram há muito tempo, talvez em outras vidas, e que costumam aparecer sem que queiramos. O silêncio é esse nada solitário e angustiante às vezes, que nos leva a observar a própria vida. Observar a vida? Eis um assunto desafiador e muito complicado, mas necessário.

O silencio então é a minha primeira razão de viver. Com ele posso sair de órbita e ser eu mesmo. O meu próprio EU que se satisfaz com tão pouca coisa e que se queixa por nada.

E é como esse silencio interior que meu coração   se encontra com a minha mente numa harmonia silenciosa quase sepulcral. E aqui onde nasce a minha leveza, a minha pureza extrema, o meu encontro com Deus. E é nesse silencio que eu recarrego as minhas baterias para voltar a brilhar e vibrar.

Quando o silencio atinge um paroxismo pleno de energia e suavidade, então entro no estado de graça, ou seja, aquele estado em que me sinto fora de mim mesmo, mas totalmente presente ao mesmo tempo. Ele pode durar muito pouco, mas apenas o tempo suficiente para me tornar ainda mais pleno, mais humano, mais unido com o infinito e com o todo.

 

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