terça-feira, 5 de março de 2024

PÃO E POESIA

 

(A Clarice Lispector)

 

Que mistérios escondem

o teu olhar intrigante,

olhar fascinante,

de sonhos e ilusões,

profundezas e rebeldia

Clarice: pão e poesia?

 

Se te dou pão, me pedes ouro

Me deixas às portas abertas

Com teus pensamentos,

para que eu, perdido, me encontre.

 

O mistério da tua alma

é o mistério que nos arrasa

És uma esfinge que não se decifra

O teu mundo, a tua graça!

 

Liberta-te, liberta-me,

voando para as profundezas da alma

Com tuas palavras mágicas no meu ouvido:

Acordo colorido!

 

Que estado de graça

pretendes experimentar,

Para traduzir nos teus escritos

o inatingível barulho das ondas do mar?

 

Que mistérios ocultas

no teu olhar

Cheio de nostalgia?

Clarice: Pão e poesia.

 

Apesar do incerto da existência,

produzes palavras submersas,

de melancolia e fantasia,

de filosofia e euforia!

 

Pois o círculo encerra-se

com amor submergido, excessivo

Habituar-se à felicidade faz parte da vida

É me juraste que ela – a vida – era bonita.

 

Que mistérios escondes

Clarice: flor de lis no peito

Para me envolver com tuas palavras,

em eterna dicotomia?

Clarice: Pão e poesia!

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