domingo, 29 de janeiro de 2017

IBIRAPUERA : O PARQUE DAS QUATRO ESTAÇÕES - VERÃO (Crônica)

Manhã luminosa no Parque do Ibirapuera. As temperaturas escaldantes deste verão tórrido não ultrapassam as espessuras das altas e formosas arvores que se estendem por e entre os limites deste oásis no meio da metrópole.
No verão o parque adquire uma tonalidade diferente. Talvez isso seja só uma ilusão de ótica devido à luminosidade fortíssima do sol tropical. As trilhas de terra estão mais ressecadas pelo sol, mas as arvores dão um refresco aos corredores e caminhantes que se aventuram pelos seus cantos mil e cheio de mistérios.
Comecei a frequentar o parque há muitos anos, desde que me afinquei em São Paulo e nunca me deixo de surpreender pelo fato de que, a cada ocasião, posso admirar lugares, paisagens e cantos nunca vistos.
Hoje, aconteceu novamente. Correndo em plena manha de dezembro, com um calor ofegante, pela trilha de terra que serpenteia pelo limite do parque, fiquei admirado com novos lugares que, provavelmente já tinha passado, mas nunca me detive a contempla-los. Foi um momento mágico, como são todos os momentos em que passei neste lugar tão querido pelos paulistanos e visitantes. Chamou-me a atenção, a grama verde e os raios do sol por entre as folhagens das arvores; uma avenida coberta de bambus que dava a impressão de uma catedral gótica, e finalmente uma enorme arvore centenária, com certeza pertencente à mata atlântica, testemunha do tempo, testemunha de tantos visitantes que passaram perto dela.
Não pude deixar de meditar sobre essa arvore e sobre o tempo. Ela, sem dúvidas esta ali desde a formação do parque, em 1954, provavelmente foi semente há centenas de anos, e agora, orgulhosa e imponente, representa o passado e o presente no meio de uma cidade que, silenciosa e conturbada, continua seu misterioso percurso no caminho da historia. O tempo parece estar petrificado na árvore, mas isso é só ilusão já que o tempo muda a cada instante. Já estamos no final de mais um ano, e celebramos a passagem do tempo porque somos impotentes para fixa-lo, para molda-lo e para eterniza-lo.
De qualquer forma, esses pensamentos apareceram e voltaram a desaparecer da minha mente sempre inquieta, do meu pensamento sempre profundo e dos limites mais fantásticos da minha consciência. Lembrei-me que hoje é 29 de dezembro e sorri satisfeito ao terminar mais um treino e caminhar por entre essa vegetação que resiste ao mais forte sol tropical de verão.
Sem duvidas, este é o lugar de Sampa que mais sentirei falta quando não estiver mais por aqui.





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