quarta-feira, 2 de junho de 2010

MISTÉRIO (III)


Sinto um grande mistério nos sentimentos mais sublimes que sinto. O amor ao semelhante se traduz não só em emoções mas também em atitudes e vontades. Um simples escutar o outro, prestar atenção nas necessidades do outro ajudam muito. Tantas vezes me surpreendi com o bem que fazemos as pessoas só com escutá-las. Isso é ao mesmo tempo algo tão imprescindível mas ao mesmo tempo um mistério no relacionamento humano.
Como vivemos as nossas vidas também é um mistério. Mistério é a forma como a conduzimos e como resolvemos todos os problemas inerentes a ela. As vezes me pergunto se o que eu faço, o faço porque devo fazê-lo ou sou levado pelas circunstancias para atuar. É um mistério.
A vida não deve ser boa ou ruim – dizem – ela deve “ser” e o ser é um mistério. O ser das coisas, do existir das coisas e como essas coisas interferem no nosso destino também é um mistério que me impressiona.
Me sinto levado por uma força misteriosa que parece regular a minha vida. Isso também acho que é mistério, me refiro a essa força. Por mais que eu queira desistir dela, ela avança silenciosa pelo meu destino. As vezes me assusta, mas nada posso fazer contra ela ou fugir dela.
A alegria que sinto a cada instante não é um mistério, mas as conseqüências dela, sim. Sinto uma alegria inebriante na minha vida, e talvez isso faça com que possa ver o lado positivo das coisas. É uma atitude mental. Agora, tudo o que acontece na minha vida no decorrer da alegria, isso sim tem um que de mistério. Ontem por exemplo, acordei tão alegre, tão contente que parecia que tudo o que fazia dava certo. Alegria pode fazer parte da essência da pessoa, mas também pode ser adquirida de acordo as circunstancias da vida. Acho que a alegria produz uma espécie de corrente de energia favorável para que as coisas aconteçam da melhor forma possível. Acho isso tudo um mistério. Como se forma essa energia? Como se produz essa energia?. Isso é um mistério.
Existem mais mistérios entre o céu e a terra que possa ser compreendida pela nossa vã filosofia. A frase é de Shakespeare. E os mais grandes mistérios da terra e da nossa vida não podemos compreende-los. Devemos aceitá-los como eles são e tentar senti-los da forma mais sublime possível. Esse é o caminho que acredito é o certo. Nem todos os mistérios podem ser desvendados e quando os desvendamos deixam de ser mistérios.
Adoro o mistério da noite. O escurecer do dia se sublima com um toque de melancolia e um desejo de estar em tantos lugares ao mesmo tempo. Fecho os olhos e a minha mente viaja por lugares nunca vistos. Posso ver amanheceres no mar em praias desertas, ou por do sol numa montanha, ou simplesmente ver o passar do tempo numa ilha deserta coberta de coqueiros, praias serenas e tranqüilas, deserto inabitado e misterioso. Posso ouvir no meu intimo a música da minha alma. Quando abro os olhos percebo que o mistério continua. É talvez uma abstração da realidade cheia de encantos, de desejos, de grandes mistérios. Penso a minha vida como um vasto e misterioso projeto que ainda não sei para onde me levará, qual será o final dela, mas certamente não será muito tranqüila. E um mistério perceber que não será tranqüila, que será irrequieta e incrivelmente diferente. Acho isso um grande mistério.
A inspiração artística é também um grande mistério. A maneira como o talento criador de um artista, já seja ele um pintor, um escultor, um escritor, um compositor, é impressionante. Como vem essa idéia genial? De onde procede? Como a inspiração se traduz em obra de arte? São mistérios profundos e maravilhosos que me fazem ficar de olhos abertos e cheios de emoção. Quando vejo uma obra de arte, um quadro, por exemplo, pretendo encontrar as razões que motivaram o pintor a criá-la. Uma escultura nasceu na mente do artista e se materializou pelo seu talento; quando escuto uma sinfonia a minha mente se pergunta como o compositor a criou...é algo incrível.. É mais um mistério para mim.

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