quarta-feira, 19 de maio de 2010

TEMPUS FUGIT (II)


Shakespeare disse que o tempo é muito lento para os que esperam. A espera faz o tempo ficar mais lento. A espera, as expectativas se congelam no tempo. As vezes esperamos tanto a primavera que não suportamos o inverno, e ele parece lento, muito lento. O tempo também é rápido para os que tem medo. O medo é o maior sentimento do ser humano junto com o amor e o ódio. O medo, aquele medo que te faz arrepiar toda a pele e estremece o coração, dilacera a alma, emudece o sorriso, provoca névoas na esperança, esse medo que paralisa, que quando nos domina nos faz pequenos, insignificantes...esse medo faz o tempo passar rápido, demasiado rápido.
O tempo também é longo para aqueles que sofrem. O sofrimento tanto do corpo como da alma faz o tempo parecer mais longo do que ele é. Nesse sofrimento as emoções ficam vívidas, as luxações da alma se petrificam com caroço e o tempo não termina para o sofrimento. Ele é extenso, mudo, estático....quase sem vida.
O tempo também é muito curto para aqueles que são felizes. Se tivermos a fortuna de sentir prazer e felicidade, ela nunca é douradora, ela é curta...o tempo é muito curto quando tudo parece estar no lugar....O grande mistério da eternidade....algo que está além das nossas forças, da nossa capacidade de compreensão e de percepção....
Finalmente para os que amam o tempo é eterno. Gosto desta idéia. O amor é o único que atravessa as barreiras do tempo, e ao fazê-lo então permanece eterno na nossa consciência, na nossa memória. Dizem que após a morte só o amor sobrevive a ela....então ele é eterno, o tempo o faz eterno.
A eternidade da minha vida traspassa o tempo vivido. Superando as barreiras do tempo, me debruço na eternidade, isso me acalma e me faz leve. Isso torna verdadeira a minha existência.
O tempo que vivo neste momento se tornará passado em questão de segundos. O futuro na verdade é o presente, o presente marcado pelo tempo que vivo agora..É o agora que me importa. É o agora que produz os meus pensamentos, as minhas idéias, os meus anseios mais íntimos..O agora é o tempo presente. O resto é passado. Então o tempo é uma sucessão de presentes. O que já passou é passado e ficará guardado nas câmeras secretas da minha consciência.
O tempo escorre pelas mãos como água. O que vivemos se torna importante de acordo com a importância que damos a eles do contrario fazem parte do que queremos esquecer e até conseguimos esquecê-los.
Queremos eternizar a nossa vida a qualquer custo. Inventamos fotografias, registros vividos em forma de escritos, filmes, gravações. Tudo para não esquecer, tudo para eternizar.

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